Cena validada e estereótipos no caso Henry Borel
desdobramentos do ethos como imagem de si no Tribunal do Júri
DOI:
https://doi.org/10.15448/1984-7726.2024.1.46307Palavras-chave:
cena validada, estereótipos, ethos discursivo, julgamento criminal, caso Henry Borel.Resumo
Este estudo evidencia os estereótipos de um determinado grupo social na condição de agentes no processo de discursivização, ou seja, toma-se o discurso como um encontro entre texto e lugar social. O objetivo geral deste trabalho é analisar a interferência das cenas validadas e dos estereótipos acionados no discurso do réu Jairo Souza Santos Júnior em relação à construção da cenografia e à mobilização do ethos como imagem de si. A fundamentação teórica desta pesquisa encontra seu alicerce em estudiosos da análise do discurso, como Amossy (2008, 2018), Amossy e Pierrot (2022), Maingueneau (2008, 2013a, 2013b, 2018). Em relação ao universo do Tribunal do Júri, o autor de base é Nucci (2014). Esta pesquisa se caracteriza como exploratório-descritiva, de cunho bibliográfico e documental, mediante o estudo de caso com abordagem qualitativa. O corpus é composto por recortes dos depoimentos do réu quando da audiência de instrução e julgamento. Como resultado, constata-se que a cenografia do discurso do réu foi construída em espiral, ora aproximando-se de modelos aceitos no mundo ético de tal discurso, ora afastando-se dos mesmos modelos aceitos, o que gera um efeito de contradição, colocando em xeque a estratégia do enunciador de se pautar de maneira exacerbada em cenas validadas e estereótipos.
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