A pedagogia da variação linguística e a sociolinguística educacional trasladadas ao âmbito do português como língua adicional
DOI:
https://doi.org/10.15448/1984-7726.2023.1.44790Palavras-chave:
pedagogia da variação linguística, Sociolinguística Educacional, português como língua adicional, formação de professoresResumo
Como professoras e professores de português como língua adicional (PLA) aos que se interessam pelo português falado e escrito no Brasil, lidamos cotidianamente em sala de aula com a tríade norma-padrão gramatical, variedades de prestígio e variedades populares. Ao distanciamento entre o que vem prescrito nas gramáticas e as variedades de prestígio – resultante de uma atípica implementação de uma norma-padrão que já havia sido atualizada na antiga metrópole –, soma-se a alta estratificação social brasileira, com bens socioculturais deficientemente distribuídos e uma alta porcentagem da população restringindo-se ao uso de variedades populares e sujeita ao preconceito linguístico que o seu uso suscita. Como conscientizar o alunado de PLA a respeito de uma das mais importantes facetas da variação linguística brasileira, a de caráter sociocultural, de modo que adquira recursos linguísticos próprios de contextos de [+oralidade, -monitoramento], ao mesmo tempo que seja consciente das atitudes associadas a certos traços linguísticos? Apesar dos avanços brasileiros em políticas linguísticas em PLA, como a elaboração do documento Proposta curricular para ensino de português nas unidades da rede de ensino do Itamaraty em países de língua oficial espanhola (Brasil, 2020), o qual valida o ensino de variantes não padrão, carecemos ainda de teorização e metodologia para lidar em aula com uma pluralidade normativa própria de sociedades de alta estratificação econômica e sociocultural, como é o caso brasileiro. Argumenta-se aqui que a pedagogia da variação linguística (Faraco, 2008, 2015b) e a sociolinguística educacional (Bortoni-Ricardo, 2004, 2005), embora originalmente voltadas ao âmbito do ensino de português como língua materna, têm o potencial de formar-nós para o tratamento da variação linguística também no contexto de PLA. Ilustramos a viabilidade desta transposição teórico-metodológica ao âmbito por meio da elaboração de uma proposta para o ensino da variável “objeto direto anafórico de terceira pessoa”.
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