Conhecimento linguístico do letrado acerca das expressões de futuridade
Forma perifrástica (gramática nuclear/L1) versus forma sintética (gramática periférica/L2)
DOI:
https://doi.org/10.15448/1984-7726.2020.3.36499Palavras-chave:
Expressão de futuridade, Gramática Periférica, Gramática Nuclear, Gramática Gerativa.Resumo
Considerando o português adquirido naturalmente como L1 e o ensinado nas escolas como L2, dados orais e escritos de: a) crianças em fase de aquisição; b) estudantes entre a 1ª a 8ª série; e c) acadêmicos; foram analisados, haja vista as expressões de futuridade: a) futuro sintético; b) “ir” + infinitivo; c) “haver + de”; e d) forma de presente. Ademais, contrastamos esses dados com peças históricas do português brasileiro (PB) entre o século XVI-XXI. Os resultados mostram que o futuro sintético não é adquirido naturalmente e, somente na escrita, quanto maior a escolaridade, maior sua frequência; a estrutura adquirida naturalmente é “ir” + infinitivo, usada tanto na oralidade, quanto na escrita, independentemente do grau de escolaridade. Verificamos também que a escola recupera somente alguns fósseis linguísticos, não todos. Propomos, pois, que a língua-I do letrado consiste na forma “ir” + infinitivo como parte da gramática nuclear e na forma sintética como parte da gramática periférica.
Downloads
Referências
ARAÚJO-ADRIANO, Paulo Ângelo. Análise da expressão do futuro em textos argumentativos do ProFIS. Língua, Literatura e Ensino, Campinas, v. 11. p. 21-34. dez. 2014.
ARAÚJO-ADRIANO, Paulo Ângelo. Alguns aspectos sobre a expressão do futuro no português brasileiro: fala, escrita e representação. Mosaico, São José do Rio Preto, v. 15, p. 493-523, 2016.
ARAÚJO-ADRIANO, Paulo Ângelo. Sintaxe e diacronia da expressão de futuridade no PB. 206 f. Dissertação (Mestrado em Linguística) – Instituto de Estudos da Linguagem, UNICAMP, Campinas, 2019a.
ARAÚJO-ADRIANO, Paulo Ângelo. Como as crianças brasileiras adquirem a expressão de futuridade: um estudo sintático. Miguilim - Revista Eletrônica do Netlli. Crato. v. 8. n. 2. p. 708-727, maio/ago. 2019b. https://doi.org/10.47295/mgren.v8i2.2107
AVELAR, Juanito. De verbo funcional a verbo substantivo: uma hipótese para a supressão de HAVER no português brasileiro. Letras de Hoje, Porto Alegre, v. 41, n. 1, p. 49-74, mar. 2006.
CALLOU, Dinah; AVELAR, Juanito. Sobre ter e haver em construções existenciais: variação e mudança no português do Brasil. Gragoatá, Niterói, v. 2, n. 9, p. 85-100, 2002.
CALLOU, Dinah; AVELAR, Juanito. Estruturas com ter e haver em anúncios do século XIX. In: ALKMIN, Tânia (org.). Para a história do português brasileiro. São Paulo: Humanitas, 2003. v. 3. p. 47-67.
CHOMSKY, Noam. Lectures on Government and Binding: The Pisa Lectures. Dordrecht: Foris, 1981.
CHOMSKY, Noam. Barriers. Cambridge, MA: The MIT Press, 1986.
CURTISS, Susan. Genie: A psycholinguistic study of a modern day “wild child”. Cambridge, MA: Academic Press, 1977.
FOLHA DE SÃO PAULO. Manual da redação da Folha de São Paulo. São Paulo: Publifolha, 2018.
GIBBON, Adriana. A expressão do tempo futuro na língua falada de Florianópolis: gramaticalização e variação. 2000. 126 f. Dissertação (Mestrado em Linguística) – Centro de Comunicação e Expressão, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis.
GROLLA, Elaine; FIGUEIREDO SILVA, Maria Cristina. Para conhecer aquisição da linguagem. São Paulo: Contexto, 2014.
KATO, Mary. No mundo da escrita. Campinas: Ática, 1986.
KATO, Mary. Apresentação. In: KATO, Mary; ROBERTS, Ian (org.). Português brasileiro: uma viagem diacrônica. 2. ed. Campinas: Editora da UNICAMP, 1993. p. 15-27.
KATO, Mary. Aquisição e aprendizagem: de um saber inconsciente para um saber metalinguístico. In: GRIMM-CABRAL, Loni; MORAES, José (org.). Investigações a linguagem: ensaios em homenagem a Leonor Scliar-Cabral. Florianópolis: Mulher, 1999. p. 201-225.
KATO, Mary. A gramática do letrado: questões para a teoria gramatical. In: MARQUES, Maria Aldina et al. (org.). Ciências da linguagem: 30 anos de investigação e ensino. Braga: Centro de Estudos Humanísticos Universidade do Minho, 2005. p. 131-145.
KATO, Mary. O português são dois… ou três?. In: LOBO, Thania et al. (org.). ROSAE: Linguística histórica, história das línguas e outras histórias. Salvador: EDUFBA, 2012. p. 93-108.
KATO, Mary. A gramática nuclear e a língua-I do brasileiro. In: MARTINS, Marco Antonio (org.). Gramática e Ensino. Natal: EDUFRN, 2013. v. 1 (Coleção Ciências da Linguagem aplicadas ao ensino). cap. 6. p. 149-164.
KATO, Mary; CYRINO, Sonia; CORREA, Vilma. Brazilian Portuguese and the recovery of lost clitics through schooling. In: PIRES, Acrisio; ROTHMAN, Jason (ed.). Minimalist inquiries into child and adult language acquisition: case studies across Portuguese. Nova Iorque: Mouton de Gruyter, 2009. cap. 10. p. 245-272. https://doi.org/10.1515/9783110215359.2.245
LANE, Harlan. The wild boy of Aveyron. Cambridge, MA: HUP, 1976.
LIGHTFOOT, David. How to Set Parameters: Arguments from Language Change. Cambridge, MA: MIT Press, 1991.
MATTOS E SILVA, Rosa Virgínia. Estruturas trecentistas: elementos para uma gramática do português arcaico. Lisboa: Estudos Gerais, Imprensa Nacional, 1989.
MATTOS e SILVA, Rosa Virgínia. A variação haver/ter. In: MATTOS e SILVA, R. V. (org.). A Carta de Caminha: Testemunho linguístico de 1500. Salvador: Editora da Universidade Federal da Bahia, 1996. p. 181-193.
MATTOS e SILVA, Rosa Virgínia. Ensaios para uma sócio-história do português brasileiro. São Paulo: Parábola, 2004.
PAGOTTO, Emilio. A norma das constituições e a constituição da norma no século XIX. Revista Letra, Rio de Janeiro, v. 1. p. 31-50, 2013. https://doi.org/10.17074/rl.v1i0.27
ROBERTS, Ian. Diachronic Syntax. Nova Iorque: Oxford University Press, 2007.
ROBERTS, Ian. Inertia. In: ROBERTS, Ian; LEDGWAY, David (ed.). The Cambridge Handbook of Hystorical Syntax. [S. l.]: Cambridge, 2017. cap. 20. p. 425-445. https://doi.org/10.1017/9781107279070.021
ROEPER, Thomas. Universal Bilingualism. Bilingualism: Language and Cognition, Cambridge, v. 2, n. 3, p. 169-186, 1999. https://doi.org/10.1017/S1366728999000310
SANTOS, Josete. A variação entre as formas de futuro do presente no português formal e informal falado no Rio de Janeiro. Revista Philologus, Rio de Janeiro. n. 22. p. 72-84. jan./abr. 2002.
VILELA, Ana Carolina. A mesóclise em textos acadêmicos: freqüência, estratégias de esquiva e avaliação. 2014. 133 f. Monografia (Bacharel em Linguística) – Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte.
VIOTTI, Evani. Uma história sobre ‘ter’ e ‘haver’. Cadernos de Estudos Linguísticos, Campinas, v. 34, p. 41-50, jan./jun. 1998.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2020 Letras de Hoje
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Direitos Autorais
A submissão de originais para a Letras de Hoje implica na transferência, pelos autores, dos direitos de publicação. Os direitos autorais para os artigos publicados nesta revista são do autor, com direitos da revista sobre a primeira publicação. Os autores somente poderão utilizar os mesmos resultados em outras publicações indicando claramente a Letras de Hoje como o meio da publicação original.
Licença Creative Commons
Exceto onde especificado diferentemente, aplicam-se à matéria publicada neste periódico os termos de uma licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional, que permite o uso irrestrito, a distribuição e a reprodução em qualquer meio desde que a publicação original seja corretamente citada.