Governança em saúde global no contexto das doenças infecciosas emergentes
DOI:
https://doi.org/10.15448/1984-7289.2016.3.23418Palabras clave:
Saúde global. Doenças infecciosas emergentes. Globalização. Organização Mundial da SaúdeResumen
Saúde global, enquanto uma categoria política de regulação sanitária internacional, não é nova. Novos são os dispositivos e as configurações políticas transnacionais para administrar as consequências à saúde humana e animal derivadas das interconexões sociopolíticas e ambientais globais. Este artigo analisa como o reposicionamento do papel da Organização Mundial da Saúde – diante dos impactos provocados pelo conceito de doenças infecciosas emergentes (ciência) e pela entrada de novos atores e alianças no núcleo de sua coordenação estratégica (poder), que culminou com a revisão das International Health Regulations (normas) – colocou novos desafios ao regime de segurança em saúde global, diante das ameaças que se difundem além das fronteiras dos Estados-nações. Segurança em saúde global implica uma ruptura em relação aos dispositivos tradicionais, ao acentuar o papel de agências e atores transnacionais, porém o sistema de vigilância (registro e notificação de doenças) é dependente dos interesses específicos das esferas nacionais (e locais).
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