A subdeterminação semântica da metáfora

Autores

DOI:

https://doi.org/10.15448/1984-6746.2019.3.34859

Palavras-chave:

Metáfora. Subdeterminação semântica. Código linguístico. Minimalismo. Contextualismo.

Resumo

Este trabalho pretende sustentar que o melhor conceito para tratar da relação entre metáfora e linguagem é o da subdeterminação semântica. Entretanto, o modo mais comum de tratar o fenômeno das metáforas relega à pragmática (e não à semântica, como era de se esperar) a função de explicar como o significado metafórico de uma frase é um acarretamento gerado pelo contexto. Segundo este quadro, metáforas seriam indeterminadas semanticamente pois acarretamentos pragmáticos são virtualmente infinitos e não precisam remeter à proposição semanticamente expressa. Argumentamos, entretanto, as melhores alternativas para o tratamento da questão nascem do debate entre contextualismo e minimalismo semânticos. Metáforas seriam casos de flexibilidade semântica também presentes em outros fenômenos linguísticos. Para o minimalismo, metáforas podem ser tratadas através da introdução de um operador lexical que garantiria a flexibilidade contextual necessária a termos semânticos contextualmente dependentes. Para o contextualismo, metáforas acontecem quando termos em uma frase funcionam como conceitos ad hoc e são passíveis de enriquecimentos pragmáticos. Apesar de não chegarem a uma única solução, o debate entre minimalismo e contextualismo oferece explicações do fenômeno que corroboram a hipótese da subdeterminação semântica defendida neste trabalho.

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Biografia do Autor

Daniel Schiochett, Universidade do Sul de Santa Catarina, Tubarão, SC.

Doutor em filosofia (ontologia) pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Professor
da Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL).

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Publicado

2019-12-31

Como Citar

Schiochett, D. (2019). A subdeterminação semântica da metáfora. Veritas (Porto Alegre), 64(3), e34859. https://doi.org/10.15448/1984-6746.2019.3.34859