Chega de etnografia! A educação da atenção como propósito da antropologia
DOI:
https://doi.org/10.15448/1981-2582.2016.3.21690Palavras-chave:
Correspondência. Educação. Etnografia. Trabalho de campo. Método. Participação observante. Teoria.Resumo
Na antropologia e em outras disciplinas, “etnografia” tornou-se um termo tão sobreutilizado a ponto de ter perdido boa parte do seu sentido. Argumenta-se que atribuir “etnograficidade” aos encontros com aqueles entre os quais se realiza a pesquisa – e ao trabalho de campo de modo geral – é colocar em risco o compromisso ontológico e o propósito educacional da antropologia enquanto disciplina, bem como da sua principal maneira de trabalhar, a observação participante. Também significa reproduzir uma distinção perniciosa entre aqueles om os quais se estuda e se aprende dentro e fora da academia, respectivamente. É essa obsessão da antropologia com a etnografia que tem, mais que qualquer outra coisa, solapado a sua voz pública. Para recuperá-la, deve-se reafirmar o seu valor enquanto disciplina orientada para o futuro, dedicada a recompor a ruptura entre imaginação e vida real.
Downloads
Referências
ALPERS, Svetlana. The art of describing: Dutch art in the seventeenth century. London: Penguin, 1983.
BESTEMAN, Catherine; HAUGERUD, Angelique. The desire for relevance. AnthropologyToday, v. 29, n. 6, p. 1-2, 2013.
BURRIDGE, Kenelm. Other people’s religions are absurd. In explorations in the anthropology of religion: essays in honour of Jan Van Baal, edited by E. A. VAN BEEK, Walter and SCHERER, J. H. The Hague: Martinus Nijhoff, 1975. p. 8-24.
DA COL, Giovanni; GRAEBER, David. Foreword: The return of ethnographic theory. Hau: Journal of Ethnographic Theory, v. 1, n. 1, p. vi–xxv, 2011. https:/doi.org/10.14318/hau1.1.001
DURANTI, Alessandro. Husserl, intersubjectivity and anthropology. Anthropological Theory, v. 10, n. 1, p. 1-20, 2010. https:/doi.org/10.1177/1463499610370517
FABIAN, Johannes. Time and the other: how anthropology makes its object. New York: Columbia University Press, 1983.
HOCKEY, Jenny; FORSEY, Martin. Ethnography is not participant observation: reflections on the interview as participatory qualitative research. In the interview: an ethnographic approach, edited by Jonathan Skinner. New York: Berg, 2012. p. 69-87.
INGOLD, Tim. Editorial. Man, New Series, v. 27, n. 4, p. 693-696, 1992.
______. The perception of the environment: Essays on livelihood, dwelling, and skill. London: Routledge, 2000.
______. Being alive: Essays on movement, knowledge, and description. Abingdon: Routledge, 2011.
______. Making: Anthropology, archaeology, art and, architecture. Abingdon: Routledge, 2013.
INGOLD, Tim; PÁLSSON, Gísli (eds.). Biosocial becomings: integrating social and biological anthropology. Cambridge: Cambridge University Press, 2013.
JACKSON, Michael. Paths toward a clearing: radical empiricism and ethnographic inquiry. Bloomington, IN: Indiana University Press, 1989.
______. Essays in existential anthropology. Chicago, IL: University of Chicago Press, 2013.
MASSCHELEIN, Jan. The idea of critical e-ducational research – e-ducating the gaze and inviting to go walking. In the possibility/impossibility of a new critical language of education, edited by Ilan Gur-Ze’ev. Rotterdam: Sense Publishers, 2010a. p. 275-291.
______. E-ducating the gaze: the idea of a poor pedagogy. Ethics and Education, v. 5, n. 1, p. 43-53, 2010b. https:/doi.org/10.1080/17449641003590621
MACLEAN, Stuart. All the difference in the world: liminality, montage, and the reinvention of comparative anthropology. In: Transcultural montage, edited by Christian Suhr and Rane Willerslev. New York: Berghahn, 2013, p. 58-75.
MILLS, C. Wright. The sociological imagination. New York: Oxford University Press, 1959.
RORTY, Richard. Philosophy and the mirror of nature. Princeton, NJ: Princeton University Press, 1980.
SPERBER, Dan. On anthropological knowledge: three essays. Cambridge: Cambridge University Press; Paris: Maison des Sciences de l’Homme, 1985.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Direitos Autorais
A submissão de originais para a Educação implica na transferência, pelos autores, dos direitos de publicação. Os direitos autorais para os artigos publicados nesta revista são do autor, com direitos da revista sobre a primeira publicação. Os autores somente poderão utilizar os mesmos resultados em outras publicações indicando claramente a Educação como o meio da publicação original.
Licença Creative Commons
Exceto onde especificado diferentemente, aplicam-se à matéria publicada neste periódico os termos de uma licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional, que permite o uso irrestrito, a distribuição e a reprodução em qualquer meio desde que a publicação original seja corretamente citada.