Neopirronismo, Empirismo e Atividade Cientítica

Autores

DOI:

https://doi.org/10.15448/1984-6746.2021.1.42184

Palavras-chave:

Pirronismo, Empirismo, Atividade científica, Conhecimento empírico, van Fraassen

Resumo

O pirronismo envolve a incapacidade de defender afirmações sobre o mundo inobservável, ou, mais geralmente, sobre o que realmente está acontecendo além dos fenômenos (SEXTUS EMPIRICUS, 1994). Como resultado, o pirrônico não está empenhado em desenvolver uma doutrina filosófica, pelo menos no sentido de defender uma doutrina sobre as características subjacentes da realidade. Surge então a questão de se saber se o pirrônico também possui algo positivo a dizer sobre nosso conhecimento do mundo, mantendo ainda o pirronismo. Neste artigo, desenvolvo uma atitude neopirrônica positiva, sugerindo que podemos usar essa atitude para dar sentido a aspectos importantes da ciência e do conhecimento empírico. Para tanto, exploro a conexão entre esta forma revivida de pirronismo e versões contemporâneas do empirismo, em particular o empirismo construtivo (VAN FRAASSEN, 1980, 1989, 2002, 2008). Embora o empirismo construtivo não seja uma forma de ceticismo, existem elementos importantes em comum entre o empirismo construtivo e o pirronismo. A forma resultante de pirronismo sugere que há algo correto sobre a postura original articulada por Sexto Empírico e que, adequadamente formulada, ela fornece uma abordagem perspicaz para se refletir sobre o conhecimento empírico (PORCHAT PEREIRA, 2006, para a inspiração original por trás do neopirronismo).

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Biografia do Autor

Otávio Bueno, University of Miami, Coral Gables, USA.

Ph.D. in Philosophy, University of Leeds, UK; MA in Philosophy, University of São Paulo, São Paulo, SP, Brazil. Professor of Philosophy at the University of Miami, Department of Philosophy, Cooper Senior Scholar in Arts and Sciences, Editor in Chief of Synthese.

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Publicado

2021-12-27

Como Citar

Bueno, O. (2021). Neopirronismo, Empirismo e Atividade Cientítica. Veritas (Porto Alegre), 66(1), e42184. https://doi.org/10.15448/1984-6746.2021.1.42184

Edição

Seção

Epistemologia & Filosofia da Linguagem