Racionalidade e vulnerabilidade: elementos para a redefinição da sujeição moral
DOI:
https://doi.org/10.15448/1984-6746.2007.1.1868Resumo
A filosofia moral tradicional estabelece o critério da posse da razão como exigência para a definição da pertinência ou não de um sujeito à comunidade moral humana, e, pois, a ser considerado digno de respeito ético e justiça. Contrariando a tradição moral, Kenneth E. Goodpaster, Tom Regan e Paul W. Taylor redefinem a constituição da comunidade moral e o alcance da justiça, estabelecendo a perspectiva dos que são afetados pelas ações morais, não a dos sujeitos morais agentes, como a referência para se tomar decisões éticas relativas à justiça. Enquanto a filosofia moral tradicional considera apenas a categoria dos sujeitos morais agentes, estes autores desdobram a sujeição moral em duas possibilidades: a da agência e a da paciência moral. Com este desdobramento, mantêm-se a estatura dos agentes racionais como responsáveis pela moralidade, enquanto a vulnerabilidade às ações e decisões dos sujeitos morais agentes é levada em conta, permitindo a inclusão na comunidade moral e da justiça de interesses nãoracionais, de animais e ecossistemas nãoanimados, por exemplo.
PALAVRAS-CHAVE – Agentes morais. Pacientes morais. Agência moral. Paciência moral. Responsabilidade. Vulnerabilidade. Kenneth E. Goodpaster. Tom Regan. Paul W. Taylor.
ABSTRACT
Traditional moral philosophy establishes reason as the only criterion for someone being morally considerable or recognized as member of the moral community. In contrast, Kenneth E. Goodpaster, Tom Regan and Paul W. Taylor do not agree with the moral tradition. On their perspective, the standpoint not of the agent but of the “patient” should be the central question of ethics in defining to whom principles of morality apply. While traditional philosophy operates only with the category of moral agents, these authors operates with both categories, moral agent and moral patient. They maintain that responsibility is the most significant question in defining the framework of human morality, a necessary condition to someone being considered a moral agent, possible only for rational beings, while vulnerability is the condition of being subjected to moral decisions and actions, independently of being rational or non rational. Being subjected to human morality is not a prerogative of rational beings. There are non rational interests common to humans, animals and plants, the inherent worth of life, for example, that are continuously subjected to human decisions. So, those have to be considered by ethics and justice. In order to be morally considerable it is not necessary to be rational, it is sufficient to be vulnerable to moral agency.
KEY WORDS – Moral agent. Moral patient. Moral agency. Moral patience. Responsibility. Vulnerability. Kenneth E. Goodpaster. Tom Regan. Paul W. Taylor.
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