Naturalismo na filosofia da mente
DOI:
https://doi.org/10.15448/1984-6746.2013.3.17941Palavras-chave:
Espaço das razões. Naturalismo restritivo. Naturalismo liberal. Wilfrid Sellars. Ruth Garrett Millikan.Resumo
O contraste entre o espaço das razões e o reino da lei ao qual Sellars implicitamente apela não estava disponível antes dos tempos modernos. Os filósofos modernos não sentiram uma tensão entre a ideia de que o conhecimento tem um status normativo e a ideia de um exercício de poderes naturais. Porém, a ascensão da ciência moderna tornou disponível uma concepção de natureza que faz a advertência de uma falácia naturalista na epistemologia inteligível. Por isso o contraste que Sellars traça pode estabelecer uma agenda para a filosofia hoje. Eu quero distinguir duas maneiras de empreender tal projeto. A ideia é a de que a organização do espaço das razões não é, como Sellars sugere, estranha ao tipo de estrutura que a ciência natural descobre no mundo. Pensar e conhecer são parte de nossa maneira de ser animais. Para mostrar isso, vou distinguir entre dois tipos de naturalismo: um naturalismo restritivo e um naturalismo liberal. Quero sugerir que o argumento de Millikan em favor de um naturalismo restritivo ao criticar a semântica fregiana está contaminado pela adesão a um cartesianismo residual. Esse é o resultado de uma troca familiar; o preço de descartar o imaterialismo cartesiano, enquanto se permanece no interior do naturalismo restritivo, é o de que a parte que se escolheu da natureza não é mais especial o suficiente para ser creditada com poderes de pensamento. Vou argumentar que o lugar próprio à ideia de “apreender sentidos” está em descrever padrões em nossas vidas – nossas vidas mentais, nesse caso – que são inteligíveis somente em termos das relações que estruturam o espaço das razões. Essa padronização envolve racionalidade genuína, não apenas “racionalidade mecânica” (assim chamada). O naturalismo liberal não precisa nada mais, para fazer a ideia de “apreender sentidos” não-problemática, do que uma insistência perfeitamente razoável em que tais padrões realmente moldam as nossas vidas.Downloads
Referências
BRANDOM, Robert B. Making it Explicit. Reasoning, Representing and Discursive Commitment. Cambridge, Mass.: Harvard University Press, 1994.
DAVIDSON, Donald. “Mental Events”. In: DAVIDSON, D. Essays on Actions and Events. Oxford: Clarendon Press, 1984, p. 207-227. DOI: https://doi.org/10.1093/0199246270.003.0011
DENNETT, Daniel. Consciousness Explained. Boston: Little Brown, 1991.
______. The Intentional Stance. Cambridge, Mass.: MIT Press, 1987.
EVANS, Gareth. “Understanding Demonstratives”. In: EVANS, Gareth. Collected Papers. Oxford: Clarendon Press, 1985, p. 291-321.
______. The Varieties of Reference. Oxford: Clarendon Press, 1982.
FREGE, Gottlob. “The Thought: a Logical Inquiry”. Translation Anthony Quinton and Marcelle Quinton. In: STRAWSON, P. F. (ed.). Philosophical Logic. Oxford: Oxford University Press, 1967, p. 17-38.
KANT, Immanuel. Critique of Pure Reason. Translation Norman Kemp Smith. London: Macmillan, 1929.
KRIPKE, Saul A. Wittgenstein on Rules and Private Language. Oxford: Blackwell, 1982.
McDOWELL, John. “One Strand in the Private Language Argument”. In: McDOWELL, John. Mind, Value and Reality. Cambridge, Mass.: Harvard University Press, 1998, p. 279-296.
______. “Putnam on Mind and Meaning”. In: McDOWELL, J. Meaning, Knowledge and Reality. Cambridge, Mass.: Harvard University Press, 1998, p. 275-291.
McGINN, Colin. “The Structure of Content”. In: WOODFIELD, Andrew (ed.). Thought and Object. Oxford: Clarendon Press, 1982.
MILLIKAN, Ruth Garrett. “Perceptual Content and Fregean Myth”, Mind, 100 (1991), p. 439-459. DOI: https://doi.org/10.1093/mind/C.400.439
______. “White Queen Psychology”. In: MILLIKAN, R. G. White Queen Psychology and Other Essays for Alice. Cambridge, Mass.: MIT Press, 1993, p. 279-363.
PERRY, John. “Frege on Demonstratives”, Philosophical Review, 86 (1977), p. 474-497. DOI: https://doi.org/10.2307/2184564
RORTY, Richard. Philosophy and the Mirror of Nature. Princeton: Princeton University Press, 1979.
RYLE, Gilbert. The Concept of Mind. London: Hutchinson, 1949.
SELLARS, Wilfrid. Empiricism and the Philosophy of Mind. Introduction by Richard Rorty and Study Guide by Robert Brandom. Cambridge, Mass.: Harvard University Press, 1997.
WITTGENSTEIN, Ludwig. Zettel. Oxford: Blackwell, 1967.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Direitos Autorais
A submissão de originais para a Revista Veritas implica na transferência, pelos autores, dos direitos de publicação. Os direitos autorais para os artigos publicados nesta revista são do autor, com direitos da revista sobre a primeira publicação. Os autores somente poderão utilizar os mesmos resultados em outras publicações indicando claramente a Revista Veritas como o meio da publicação original.
Licença Creative Commons
Exceto onde especificado diferentemente, aplicam-se à matéria publicada neste periódico os termos de uma licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional, que permite o uso irrestrito, a distribuição e a reprodução em qualquer meio desde que a publicação original seja corretamente citada. Copyright: © 2006-2020 EDIPUCRS