Vitam destituere
vocação messiânica e foma-de-vida destituinte no Homo sacer de Giorgio Agamben
DOI:
https://doi.org/10.15448/1984-6746.2024.1.45122Palavras-chave:
messianismo, ontologia, poder destituinte, direito romanoResumo
O presente texto tem por finalidade propor o sintagma vitam destituere como um conceito paradigmático para a interpretação do pensamento de Giorgio Agamben, notadamente no que diz respeito à sua proposta ontológica-messiânica-política. Diferentemente de sua antítese, vitam instituere, o sintagma vitam destituere é aqui formulado com a pretensão de expor aquilo que singulariza o pensamento de Agamben no debate de filosofia política contemporânea, sobretudo quanto à crítica e à profanação do legado romano da ontologia do officium. Para isso: (i) exponho os pontos centrais da tetralogia Homo sacer contra os quais o projeto destituinte de Agamben se insurge; (ii) apresento o fundamento do tratamento do conceito de vitam instituere na obra de Agamben a partir de uma filiação a Yan Thomas; (iii) proponho uma comparação do pensamento de Agamben com o de Roberto Esposito, este enquanto pensador do vitam instituere, aquele do vitam destituere; (iv) sugiro que o pensamento de Spinoza é fundamental para se compreender o ponto em que Agamben e Esposito se afastam.
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