Crítica da tecnologia como metafísica: reflexão sobre a narrativa pós-natureza do antropoceno
DOI:
https://doi.org/10.15448/1984-6746.2020.1.36679Palavras-chave:
Tecnologia. Metafísica. Antropoceno. Pós-ambientalismo.Resumo
Este texto propõe uma crítica da tecnologia conforme abordada na narrativa pós-natureza do antropoceno. Para essa narrativa, também chamada de pós-ambientalismo, o antropoceno é o momento histórico em que fica clara a impossibilidade de uma noção idealizada da natureza, distinta da intervenção humana. Neste texto, argumenta-se que, embora tenha méritos no questionamento de aspectos cruciais do pensamento moderno, essa narrativa tem também problemas teórico-conceituais significativos derivados da centralidade atribuída à mediação técnica, que acaba convertendo-a em uma espécie de metafísica. A exposição das teses da narrativa pós-natureza do antropoceno se dá a partir do diálogo com textos de ativistas do pós-ambientalismo, como Michael Shellenberger e Ted Nordhaus, e de pensadores que fornecem a essa corrente o fundamento teórico-conceitual, como Bruno Latour e Peter Sloterdijk. A crítica se ampara na argumentação dos filósofos contemporâneos Dieter Mersch e Andreas Luckner, que desdobram ideias já sinalizadas por Martin Heidegger e indicam caminhos para compreender os limites de perspectivas metafísicas sobre tecnologia.Downloads
Referências
ANKER, P. Buckminster Fuller as Captain of Spaceship Earth. Minerva, v. 45, p. 417-434, 2007. ANKER, P. Buckminster Fuller as Captain of Spaceship Earth. Minerva, v. 45, p. 417-434, 2007. https://doi.org/10.1007/s11024-007-9066-7 DOI: https://doi.org/10.1007/s11024-007-9066-7
BAMMÉ, A. (org.). Schöpfer der zweiten Natur: Der Mensch im Anthropozän. Marburg: Metropolis, 2014.
BAUDRILLARD, J. Simulations. Nova York: Semiotext[e], 1993.
BONNEUIL, C. The Geological Turn: Narratives of the Anthropocene. In: HAMILTON, C.; BONNEUIL, C.; GEMENNE, F. (org.). The Anthropocene and the Global Environmental Crisis: Rethinking Modernity in a New Epoch. Nova York: Routledge, 2015. p. 17-32. https://doi.org/10.4324/9781315743424-2 DOI: https://doi.org/10.4324/9781315743424-2
CRUTZEN, P. Geology of Mankind. Nature, v. 415, p. 23, 2002. https://doi.org/10.1038/415023a DOI: https://doi.org/10.1038/415023a
CRUTZEN, P.; STOERMER, E. The “Anthropocene”. Global Change Newsletter, v. 41, p. 17-18, 2000.
HEIDEGGER, M. Holzwege. Frankfurt: Vittorio Klostermann, 1977. (GA 5)
HEIDEGGER, M. Vorträge und Aufsätze. Frankfurt: Vittorio Klostermann, 2000. (GA 7)
KAGAN, S. Art and Sustainability: Connecting Patterns for a Culture of Complexity. Bielefeld: Transcript Verlag, 2013.
KOYRÉ, A. Do mundo fechado ao universo infinito. 4. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2006.
LATOUR, B. Agency at the Time of the Anthropocene. New Literary History, v. 45, n. 1, p. 1-18, 2014. DOI: https://doi.org/10.1353/nlh.2014.0003
LATOUR, B. An Inquiry into Modes of Existence: An Anthropology of the Moderns. Cambridge: Harvard University Press, 2013.
LATOUR, B. Love Your Monsters: Why We Must Care for Our Technologies as We Do Our Children. Breakthrough Journal, n. 2, p. 21-28, 2011b.
LATOUR, B. Network, Societies, Spheres. International Journal of Communication, v. 5, p. 796-810, 2011a.
LATOUR, B. On Technical Mediation: Philosophy, Sociology, Genealogy. Common Knowledge, v. 3, n. 2, p. 29-64, 1994.
LATOUR, B. We Have Never Been Modern. Cambridge: Harvard University Press, 1993.
LUCKNER, A. Heidegger und das Denken der Technik. Bielefeld: Transcript, 2008. DOI: https://doi.org/10.1515/9783839408407
MERSCH, D. Die Frage nach der Alterität: Chiasmus, Differenz und die Wendung des Bezugs. In: DALFART, I.; STOELIGER, P. (org.). Hermeneutik der Religionen. Tübingen: Mohr Sibeck, 2007. p. 35-57.
MERSCH, D. Ordo ab chao – Order from Noise. Zurique: Diaphanes, 2013a.
MERSCH, D. Turing-Test oder das “Fleisch” der Maschine. In: ENGELL, L.; HARTMANN, F.; VOSS, C. (org.). Körper des Denkens: Neue Positionen der Medienphilosophie. Munique: Wilhelm Fink, 2013b. p. 9-27. DOI: https://doi.org/10.30965/9783846755297_003
MERSCH, D. Countenance-Mask-Avatar: The “Face” and the Technical Artifact. In: GUNKEL, D. J.; MARCONDES FILHO, C.; MERSCH, D. (org.). The Changing Face of Alterity: Communication, Technology and Other Subjects. Londres: Rowman & Littlefield International, 2016. p. 17–37.
MICKLE, E. Téchne y técnica, ousía y materia. Hypnos, São Paulo, v. 3, n. 4, p. 18-27, 1998.
PICKERING, A. The mangle of practice: time, agency, and science. Chicago: The University Chicago Press, 1995. https://doi.org/10.7208/chicago/9780226668253.001.0001 DOI: https://doi.org/10.7208/chicago/9780226668253.001.0001
RIIS, S. The Symmetry Between Bruno Latour and Martin Heidegger: The Technique of Turning a Police Officer into a Speed Bump. Social Studies of Science, v. 38, n. 2, p. 285-301, 2008. https://doi.org/10.1177/0306312707081379 DOI: https://doi.org/10.1177/0306312707081379
RÜDIGER, F. Contra o conexionismo abstrato: réplica a André Lemos. Matrizes, São Paulo, v. 9, n. 2, p. 127-142, 2015. https://doi.org/10.11606/issn.1982-8160.v9i2p127-142 DOI: https://doi.org/10.11606/issn.1982-8160.v9i2p127-142
SHELLENBERGER, M.; NORDHAUS, T. The Death of Environmentalism: Global Warming Politics in a Post-Environmental World. [s.l.]: Breakthrough, 2004.
SLOTERDIJK, P. Wie groß ist “groß”? In: CRUTZEN, P.; DAVIS, M.; MASTRANDEA, M.; SCHNEIDER, S.; SLOTERDIJK, P. (orgs.). Das Raumschiff Erde hat keinen Notausgang: Energie und Politik im Anthropozän. Berlim: Suhrkamp, 2011. p. 93-110.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2020 Veritas (Porto Alegre)
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Direitos Autorais
A submissão de originais para a Revista Veritas implica na transferência, pelos autores, dos direitos de publicação. Os direitos autorais para os artigos publicados nesta revista são do autor, com direitos da revista sobre a primeira publicação. Os autores somente poderão utilizar os mesmos resultados em outras publicações indicando claramente a Revista Veritas como o meio da publicação original.
Licença Creative Commons
Exceto onde especificado diferentemente, aplicam-se à matéria publicada neste periódico os termos de uma licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional, que permite o uso irrestrito, a distribuição e a reprodução em qualquer meio desde que a publicação original seja corretamente citada. Copyright: © 2006-2020 EDIPUCRS