Naturalismo na filosofia da mente

Autores

  • John H. McDowell Universidade de Pittsburgh

DOI:

https://doi.org/10.15448/1984-6746.2013.3.17941

Palavras-chave:

Espaço das razões. Naturalismo restritivo. Naturalismo liberal. Wilfrid Sellars. Ruth Garrett Millikan.

Resumo

O contraste entre o espaço das razões e o reino da lei ao qual Sellars implicitamente apela não estava disponível antes dos tempos modernos. Os filósofos modernos não sentiram uma tensão entre a ideia de que o conhecimento tem um status normativo e a ideia de um exercício de poderes naturais. Porém, a ascensão da ciência moderna tornou disponível uma concepção de natureza que faz a advertência de uma falácia naturalista na epistemologia inteligível. Por isso o contraste que Sellars traça pode estabelecer uma agenda para a filosofia hoje. Eu quero distinguir duas maneiras de empreender tal projeto. A ideia é a de que a organização do espaço das razões não é, como Sellars sugere, estranha ao tipo de estrutura que a ciência natural descobre no mundo. Pensar e conhecer são parte de nossa maneira de ser animais. Para mostrar isso, vou distinguir entre dois tipos de naturalismo: um naturalismo restritivo e um naturalismo liberal. Quero sugerir que o argumento de Millikan em favor de um naturalismo restritivo ao criticar a semântica fregiana está contaminado pela adesão a um cartesianismo residual. Esse é o resultado de uma troca familiar; o preço de descartar o imaterialismo cartesiano, enquanto se permanece no interior do naturalismo restritivo, é o de que a parte que se escolheu da natureza não é mais especial o suficiente para ser creditada com poderes de pensamento. Vou argumentar que o lugar próprio à ideia de “apreender sentidos” está em descrever padrões em nossas vidas – nossas vidas mentais, nesse caso – que são inteligíveis somente em termos das relações que estruturam o espaço das razões. Essa padronização envolve racionalidade genuína, não apenas “racionalidade mecânica” (assim chamada). O naturalismo liberal não precisa nada mais, para fazer a ideia de “apreender sentidos” não-problemática, do que uma insistência perfeitamente razoável em que tais padrões realmente moldam as nossas vidas.

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Biografia do Autor

John H. McDowell, Universidade de Pittsburgh

Professor de Filosofia no Departamento de Filosofia da University of Pittsburgh.

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Publicado

2013-12-31

Como Citar

H. McDowell, J. (2013). Naturalismo na filosofia da mente. Veritas (Porto Alegre), 58(3), 545–566. https://doi.org/10.15448/1984-6746.2013.3.17941

Edição

Seção

Epistemologia, Linguagem e Metafísica