Seguimento farmacoterapêutico de pacientes em tratamento com talidomida em um centro especializado em hanseníase
DOI:
https://doi.org/10.15448/1980-6108.2017.4.27342Palavras-chave:
farmacoterapia, atenção farmacêutica, efeitos colaterais e reações adversas relacionada a medicamentos, hanseníase, talidomida.Resumo
OBJETIVOS: Avaliar o seguimento farmacoterapêutico de pacientes com reação hansênica tipo 2 em tratamento com talidomida em um centro filantrópico de atendimento especializado.
MÉTODOS: O estudo foi realizado no Centro Maria Imaculada de reabilitação de pacientes com hanseníase na cidade de Teresina, Piauí. Foram incluídos na pesquisa pacientes de ambos os sexos atendidos entre setembro e novembro de 2016. O Seguimento Farmacoterapêutico foi fundamentado no Método Dáder, na base eletrônica Drugdex System – Thomson Micromedex® – Interactions para análise de interações medicamentosas; na classificação de reações adversas a medicamentos de Rawlins e Thompson; e no teste de Morisky-Green para avaliar o nível de adesão terapêutica.
RESULTADOS: Foram acompanhados 11 pacientes, dos quais oito eram homens. Foram identificadas três interações medicamentosas, sendo duas classificadas em risco moderado e uma em menor risco. Foram identificados 23 resultados negativos associados ao medicamento, destacando-se insegurança não quantitativa e problemas de saúde não tratados. Além disso, 22 problemas relacionados com medicamentos foram identificados, sendo o mais frequente a ocorrência de reações adversas a medicamentos. Todas as reações adversas associadas a medicamentos foram classificadas como tipo A ou previsíveis. Quanto à adesão, seis entre os nove pacientes que responderam ao teste de Morisky-Green obtiveram alto grau de adesão. A educação em saúde correspondeu à intervenção farmacêutica preponderante, sendo aplicada a todos os pacientes.
CONCLUSÕES: Foram evidenciadas interações medicamentosas relevantes, resultados negativos associados ao medicamento e problemas associados a medicamentos. O grau de adesão ao tratamento com talidomida foi considerado alto. Foram necessárias intervenções farmacêuticas, sobretudo voltadas para ações de educação em saúde, o que ratifica a necessidade de acompanhamento constante desse grupo de pacientes.Downloads
Referências
Crespo MJI, Gonçalves A, Padovani CR. Hanseníase: pauci e multibacilares estão sendo diferentes? Medicina (Ribeirão Preto. Online). 2014;47(1):43-50.
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Guia de Vigilância Epidemiológica. 7ª edição. Brasília: Ministério da Saúde; 2009. 816p.
Organização Mundial da Saúde. Leprosy Today [Internet]. Geneva; 2015. [cited 2016 october 18]. Available from: http://www.who.int/lep/en/
World Health Organization. Global leprosy situation, 2012. Weekly Epidemiological Record (WER). Genebra. 2012;87(34):317-28.
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Orientações para uso: corticosteroides em hanseníase. Brasília: Ministério da Saúde; 2010. 52p.
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Formulário Terapêutico Nacional 2010: Rename 2010. 2ª edição. Brasília: Ministério da Saúde; 2010. 1135p.
Piauí. Secretaria de Estado de Saúde do Piauí (SESAPI). Sistema de Informação de Agravos de Notificação. Boletim Epidemiológico do Estado do Piauí - Hanseníase. Teresina: SESAPI; 2016. 6p.
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Departamento de Atenção Básica. Guia para o Controle da hanseníase. Brasília: Ministério da Saúde; 2002.
Ura S. Tratamento e controle das reações hansênicas. Hansenol Int. 2007;32(1):67- 70.
Lastória JC, Abreu MAMM. Hanseníase: diagnóstico e tratamento. Diagn Tratamento. 2012;17(4):173-9.
Hepler CD, Strand LM. Opportunities and responsibilities in the pharmaceutical care. Am J Hosp Pharm. 1990;47:533-43.
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Departamento de Atenção Básica. Guia para o Controle da Hanseníase. Brasília: Ministério da Saúde; 2002. 89p.
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. Talidomida: orientação para o uso controlado. Brasília: Ministério da Saúde; 2014. 100p.
Dáder MJF, Hernández DS, Castro MMS. Método Dáder: Manual de Seguimento Farmacoterapêutico. 3ª edição. Alfenas: Editora da Universidade Federal de Alfenas; 2014. 128 p.
Santos AC, Pereira DA, Silva, AO, Lopes LC. Seguimento farmacoterapêutico em pacientes com tuberculose pulmonar através da Metodologia Dáder. Rev Cienc Farm Basic Aplic. 2006;27(3):269-73.
Silva JMGC, Grellet MN, Liermann LC, Pastore CA, Vohlbrecht MBC, Bender E. Perfil nutricional do grupo de HIPERDIA da unidade básica de saúde do bairro Dunas, Pelotas-RS. In: 7. ENPOS, 2010, Pelotas. Pelotas: UFPEL; 2010.
Pádua CAM. Aspectos conceituais e abordagens metodológicas em farmacoepidemiologia. In: Acúrcio FA. Medicamentos: Políticas, Assistência Farmacêutica, Farmacoepidemiologia e Farmacoeconomia. Belo Horizonte: Ed. Coopmed; 2013. p. 75-112.
Rawlins MD, Thompson JW. Pathogenesis of adverse drug reactions. In. Davies DM, editor. Teextbook of Adverse Drug Reactions. Oxford: Oxford University Press; 1977. p.10-31.
Laporte JR, Capellà D. Mecanismos de producción y diagnóstico clínico de los efectos indeseables producidos por medicamento. In: Laporte JR, Tognoni G, editores. Principios de Epidemiología del Medicamento. 2ª ed. Barcelona: Masson; 1993. p. 99-100.
Morisky DE, Green LW, Levine DM. Concurrent and predictive validity of a self-reported measure of medication adherence. Med Care. 1986; 24(1):67-74. https://doi.org/10.1097/00005650-198601000-00007
Batista ES et al. Perfil sócio-demográfico e clínico-epidemiológico dos pacientes diagnosticados com hanseníase em Campos dos Goytacazes, RJ. Rev Bras Clin Med. 2011;9(2):101-6.
Duarte MTC, Ayres JA, Simonetti JP. Perfil socioeconômico e demográfico de portadores de hanseníase atendidos em consulta de enfermagem. Rev Latino-Am. Enfermagem. 2007;15:774-9. https://doi.org/10.1590/S0104-11692007000700010
Hammes JA, Pfuetzenreiter F, Silveira F, Koenig A, Westphal GA. Prevalência de potenciais interações medicamentosas droga-droga em unidades de terapia intensiva. Rev Bras Ter Intensiva. 2008;20(4):349-54. https://doi.org/10.1590/S0103- 507X2008000400006
Kanis JA, Stevenson M, McCloskey EV, Davis S, Lloyd-Jones M. Glucocorticoid-induced osteoporosis: a systematic review and cost-utility analysis. Health Technol Assess. 2007;11(7):3-4. https://doi.org/10.3310/hta11070
Thongon N, krishnamra N. Apical acidity decreases inhibitory effect of omeprazole on Mg2+ absorption and claudin-7 and -12 expression in Caco-2 monolayers. Exp Mol Med. 2012;44(11):684-93. https://doi.org/10.3858/emm.2012.44.11.077
Formighierei RV. Interações relatadas para medicamentos que compõem a lista da Farmácia Popular do Brasil. Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul; 2008. 96p.
Garcia BP, Myamoto CA. Talidomida – I Propriedades Farmacológicas e Toxicológicas. Rev Conex Eletrônica. 2016;13(1):425-34.
Flores L, Segura C, Quesada MS, Hall V. Seguimiento Farmacoterapéutico con el Método Dáder en un grupo de pacientes con hipertensión arterial. Seguim Farmacoterap. 2005;3(3):154-7.
Marques LA, Galduróz JC, Fernandes MR, Oliveira CC, Beijo LA, Noto AR. Assessment of the effectiveness of pharmacotherapy follow-up in patients treated for depression. J Managed Care Pharma (JMCP). 2013;19(3):218-27. https://doi.org/10.18553/jmcp.2013.19.3.218
Sociedade Brasileira de Cardiologia. V Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose. Arq Bras Cardiol. 2013;101(4)Supl 1. http://dx.doi.org/10.5935/abc.2013S010
Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC nº 11, de 22 de março de 2011. Dispõe sobre o controle da substância Talidomida e do medicamento que a contenha. Diário Oficial da União, 24 de março de 2011.
Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Lei n ° 10.651, 16 de abril de 2003. Dispõe sobre o controle do uso da talidomida. Diário Oficial da União, 17 de abril de 2003. Seção 1. p. 25.
Brasil. Ministério Da Saúde. Portaria nº 3.125, de 7 de outubro de 2010. Aprova as Diretrizes para a vigilância, a atenção e o controle da hanseníase. Diário Oficial da União, nº 198, 15 de outubro de 2010. Seção 1. p. 55.
Reis BC. Seguimento farmacoterapêutico com usuários de Talidomida atendidos pelo hospital universitário de Brasília (HUB). Ceilândia: Universidade de Brasília; 2013. 54p.
Brenol JCT, Xavier RM, Marasca J. Antiinflamatórios não hormonais convencionais. Rev Bras Med. 2000;57:33-40.
Renovato RD. Implementação da atenção farmacêutica para pacientes com hipertensão e desordens cardiovasculares. Infarma. 2002;14(7/8):52-6.
Souza TRCL, Silva AS, Leal LB, Santana DP. Método Dáder de Seguimento Farmacoterapêutico, Terceira Edição (2007): Um estudo piloto. Rev Cienc Farma Básica Apl. 2009;30(1):90-4.
Chemello C, Aguilera M, Calleja-Hernández MA, Fausa MJ. Efecto del seguimiento farmacoterapéutico en pacientes con hiperparatiroidismo secundario tratados con cinacalcet. Farm Hosp. 2012;36(5):321-7. https://doi.org/10.1016/j.farma.2011.03.008
Magalhães SMS, Carvalho WS. Reações adversas a medicamentos. In: Gomes MJVM, Morreira AM, editores. Ciências farmacêuticas: uma abordagem em farmácia hospitalar. São Paulo: Atheneu; 2001. p. 125-45.
Ben AJ, Neumann CR, Mengue SS. Teste de Morisky-Green e Brief Medication Questionnaire para avaliar adesão a medicamentos. Rev Saúde Pública. 2012;46(2):279-89. https://doi.org/10.1590/S0034-89102012005000013
Amarante LC, Shoji LS, Beijo LA, Lourenço EB, Marques LAM. A influência do acompanhamento farmacoterapêutico na adesão à terapia anti-hipertensiva e no grau de satisfação do paciente. Rev Ciênc Farm Básica Apl. 2010;31(3):209-15.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Direitos Autorais
A submissão de originais para a Scientia Medica implica na transferência, pelos autores, dos direitos de publicação. Os direitos autorais para os artigos publicados nesta revista são do autor, com direitos da revista sobre a primeira publicação. Os autores somente poderão utilizar os mesmos resultados em outras publicações indicando claramente a Scientia Medica como o meio da publicação original.
Licença Creative Commons
Exceto onde especificado diferentemente, aplicam-se à matéria publicada neste periódico os termos de uma licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional, que permite o uso irrestrito, a distribuição e a reprodução em qualquer meio desde que a publicação original seja corretamente citada.