Impacto da implementação do teste treponemal rápido no pré-natal na incidência e na gravidade da sífilis congênita
DOI:
https://doi.org/10.15448/1980-6108.2024.1.46468Palavras-chave:
Sífilis Congênita, Infecções Congênitas, Epidemiologia, Dignóstico, TratamentoResumo
Objetivo: comparar a incidência de sífilis congênita (SC) antes e depois da introdução do teste rápido treponêmico e verificar alterações nas características clínicas e na gravidade dessa doença. Métodos: foi realizado um estudo transversal na cidade de Viamão, Brasil. Foram comparados os casos notificados de SC identificados pela triagem materna com teste não treponêmico (grupo I) e aqueles identificados pela triagem com teste treponêmico rápido (grupo II). Os dados foram obtidos no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN). Resultados: foram detectados 302 casos de SC na amostra, com incidência de 7,7‰ nascidos vivos (80/10.369) no grupo I e 23,2‰ (222/9.538) no grupo II (p=0,000). Após a introdução do teste treponêmico rápido, houve uma proporção ligeiramente maior de gestantes (1 (2,0%) x 14 (8,8%); p = 0,12) e de seus parceiros sexuais (6 (11,8%) x 38 (24,0%); p = 0,12) que receberam tratamento adequado durante o pré-natal, houve menos recém-nascidos com manifestações clínicas (11 (16,7%) x 12 (6,2%); p = 0,02) e SC comprovada ou altamente provável (16 (24,2%) %) x 29 (14,8%). A incidência por grupo de SC comprovada ou altamente provável foi de 1,5 e 3,0‰ nascidos vivos, e de SC possível foi de 4,7 e 16,6‰ (p = 0,10), respectivamente. Conclusão: a triagem com teste treponêmico rápido foi associada a uma ligeira melhora no manejo materno e a menos neonatos clinicamente afetados, embora a incidência de SC tenha aumentado significativamente. Isso levanta dúvidas sobre a qualidade da assistência pré-natal para sífilis gestacional.
Downloads
Referências
Laurence MS. Syphilis. In: Maldonado Y, Nizet V, Barnett ED, Edwards KM, Malley r, editors. Remington and Klein’s infectious diseases of the fetus and newborn infant. 9th ed. Philadelphia: Elsevier Saunders; 2024. p. 427-62.
Lago EG. Current perspectives on prevention of mother-to-child transmission of syphilis. Cureus. 2016;8(3):e525. https://doi.org/10.7759%2Fcureus.525
Centers for Disease Control and Prevention. Sexuality transmitted infections treatment guidelines, 2021. Congenital syphilis [Internet]. 2021 [cited 2024 Mar 14]. Available from: https://www.cdc.gov/std/treatment-guidelines/congenital-syphilis.htm
Stafford IA, Workowski KA, Bachmann LH. Syphilis complicating pregnancy and congenital syphilis. N Engl J Med. 2024;390(3):242-53. https://doi.org/10.1056/nejmra2202762
Ogundipe OF, Van Den Bergh R, Thierry B, Takarinda KC, Muller CP, Timire C, et al. Better care for babies: the added value of a modified reverse syphilis testing algorithm for the treatment of congenital syphilis in a maternity hospital in Central African Republic. BMC Pediatr. 2019;19(1):284. https://doi.org/10.1186/s12887-019-1622-4
Walensky RP, Jernigan DB, Bunnell R, Layden J, Kent CK, Gottardy AJ, et al. Sexually transmitted infections treatment guidelines, 2021. MMWR. 2021;70(4):1-189. [cited 2024 Mar 15]. Available from: https://www.cdc.gov/mmwr/volumes/70/rr/pdfs/rr7004a1-H.pdf
Domingues CSB, Duarte G, Passos MRL, Sztajnbok DCDN, Menezes MLB. Brazilian protocol for sexually transmitted infections, 2020: congenital syphilis and child exposed to syphilis. Rev Soc Bras Med Trop. 2021;54(Suppl I): e2020597. https://doi.org/10.1590/0037-8682-597-2020
Cooper JM, Sánchez PJ. Congenital syphilis. Semin Perinatol. 2018 Apr 1;42(3):176-84. https://doi.org/10.1053/j.semperi.2018.02.005
Brasil, Ministério da Saúde, Secretaria de Ciência Tecnologia Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde. Protocolo clínico e diretrizes terapêuticas para prevenção da transmissão vertical de HIV, sífilis e hepatites virais. 2ª ed. Brasília: Ministério da Saúde; 2022. 224 p. [cited 2024 Mar 15]. Available from: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/protocolo_clinico_hiv_sifilis_hepatites.pdf
Romero CP, Marinho DS, Castro R, Aguiar Pereira CC, Silva E, Caetano R, et al. Cost-effectiveness analysis of point-of-care rapid testing versus laboratory-based testing for antenatal screening of syphilis in Brazil. Value Health Reg Issues. 2020;23(C):61-9. https://doi.org/10.1016/j.vhri.2020.03.004
Kidd S, Bowen VB, Torrone EA, Bolan G. Use of national syphilis surveillance data to develop a congenital syphilis prevention cascade and estimate the number of potential congenital syphilis cases averted. Sex Transm Dis. 2018;45(9 S):S23-8. https://doi.org/10.1097/olq.0000000000000838
Oliveira LR, Santos ES, Souto FJD. Syphilis in pregnant women and congenital syphilis: spatial pattern and relationship with social determinants of health in mato grosso. Rev Soc Bras Med Trop. 2020;53:1-7. https://doi.org/10.1590/0037-8682-0316-2020
Brasil, Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente, Departamento de HIV/Aids Tuberculose Hepatites Virais e Infecções Sexualmente Transmissíveis. Boletim epidemiológico - sífilis 2023 [Internet]. Brasília: DF; 2023 [cited 2024 Feb 10]. Available from: https://www.gov.br/saude/pt-br/centrais-de-conteudo/publicacoes/boletins/epidemiologicos/especiais/2023/boletim-epidemiologico-de-sifilis-numero-especial-out.2023/view
European Center for Disease Prevention and Control. Congenital Syphilis. In: ECDC, editor. ECDC Annual epidemiological report for 2016. Stockholm: ECDC; 2018 [cited 2024 Mar 15]. p. 1-5. Available from: https://www.ecdc.europa.eu/sites/default/files/documents/congenital-syphilis-annual-epidemiological-report-2016.pdf
United Nations Development Program, Institute of Applied Economic Research, João Pinheiro Foundation [Internet]. Atlas of Human Development in Brazil; 2020 [cited 2024 Mar 14]. Available from: http://www.atlasbrasil.org.br/perfil/municipio/432300
Santos MM, Lopes AKB, Roncalli AG, Lima KC. Trends of syphilis in Brazil: A growth portrait of the treponemic epidemic. PLoS One. 2020 Apr 1;15(4): e0231029. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0231029
Maschio-Lima T, De Lima Machado IL, Zen Siqueira JP, Gottardo Almeida MT. Epidemiological profile of patients with congenital and gestational syphilis in a city in the state of São Paulo, Brazil. Rev Bras Saude Mater Infant. 20191;19(4):865-72. https://doi.org/10.1590/1806-93042019000400007
Plotzker RE, Murphy RD, Stoltey JE. Congenital syphilis prevention: Strategies, evidence, and future directions. Sex Transm Dis. 2018;45(9S Suppl1): S29-S37. https://doi.org/10.1097/olq.0000000000000846
Pan American Health Organization. EMTCT Plus. Framework for elimination of mother-to child transmission of HIV, syphilis, hepatitis b, and chagas [Internet]. Washington, D.C.: PAHO; 2017 [cited 2024 Mar 14]. 27 p. Available from: https://iris.paho.org/handle/10665.2/34306
Lafetá KRG, Martelli Júnior H, Silveira MF, Paranaíba LMR. Sífilis materna e congênita, subnotificação e difícil controle. Rev bras epidemiol. 2016;19(1):63-74. https://doi.org/10.1590/1980-5497201600010006
Yeganeh N, Watts HD, Camarca M, Soares G, Joao E, Pilotto JH, et al. Syphilis in HIV-infected mothers and infants: Results from the NICHD/HPTN 040 study. Pediatr Infect Dis J. 2015;34(3):e52-7. https://doi.org/10.1097/inf.0000000000000578
Alves PIC, Scatena LM, Haas VJ, Castro SS. Temporal evolution and characterization of congenital syphilis cases in Minas Gerais, Brazil, 2007-2015. Cien Saude Colet. 2020;25(8):2949-60. https://doi.org/10.1590/1413-81232020258.20982018
Oliveira SIM, Saraiva COPO, França DF, Ferreira MA, Lima LHM, Souza NL. Syphilis notifications and the triggering processes for vertical transmission: a cross-sectional study. Int J Environ Res Public Health. 2020;17(3):984. https://doi.org/10.3390/ijerph17030984
Lago EG, Vaccari A, Fiori RM. Clinical features and follow-up of congenital syphilis. Sex Transm Dis. 2013;40(2):85-94. https://doi.org/10.1097/olq.0b013e31827bd688
Santos RR, Niquini RP, Bastos FI, Domingues RMSM. Diagnostic and therapeutic knowledge and practices in the management of congenital syphilis by pediatricians in public maternity hospitals in Brazil. Int J Health Serv. 2019;49(2):322-42. https://doi.org/10.1177/0020731417722088
Matthias J, Sanon R, Bowen VB, Spencer EC, Peterman TA. Syphilitic reinfections during the same pregnancy-Florida, 2018. Sex Transm Dis. 2021;48(5):e52–5. https://doi.org/10.1097%2FOLQ.0000000000001298
Rahman MMU, Hoover A, Johnson C, Peterman TA. Preventing congenital syphilis – opportunities identified by congenital syphilis case review boards. Sex Transm Dis. 2019;46(2):139-42. https://doi.org/10.1097/olq.0000000000000909
Congenital syphils in the USA. Lancet. 2018;392(10154):1168. https://doi.org/10.1016/s0140-6736(18)32360-2
Reis GJ, Barcellos C, Pedroso MM, Xavier DR. Intraurban differentials in congenital syphilis: a predictive analysis by neighborhood in the city of Rio de Janeiro, Brazil. Cad Saude Publica. 2018;34(9):e00105517. https://doi.org/10.1590/0102-311X00105517
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 Scientia Medica
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Direitos Autorais
A submissão de originais para a Scientia Medica implica na transferência, pelos autores, dos direitos de publicação. Os direitos autorais para os artigos publicados nesta revista são do autor, com direitos da revista sobre a primeira publicação. Os autores somente poderão utilizar os mesmos resultados em outras publicações indicando claramente a Scientia Medica como o meio da publicação original.
Licença Creative Commons
Exceto onde especificado diferentemente, aplicam-se à matéria publicada neste periódico os termos de uma licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional, que permite o uso irrestrito, a distribuição e a reprodução em qualquer meio desde que a publicação original seja corretamente citada.