Análise do período intra e pós-operatório, complicações e mortalidade nas cirurgias de revascularização do miocárdio e de troca valvar
DOI:
https://doi.org/10.15448/1980-6108.2017.4.28041Palavras-chave:
cirurgia cardíaca, período intraoperatório, período pós-operatório, complicações, mortalidade.Resumo
OBJETIVOS: Analisar fatores de risco, comorbidades, período intra e pós-operatório, complicações e mortalidade nas cirurgias de revascularização do miocárdio (CRM) e de troca valvar (TV).
MÉTODOS: Um estudo transversal retrospectivo, realizado em um hospital geral, incluiu pacientes de ambos os sexos, maiores de 18 anos, submetidos à CRM ou TV. Os dados foram coletados dos prontuários dos pacientes. Foram levantados fatores de risco, comorbidades, variáveis intra e pós-operatórias, complicações e mortalidade. Para análise estatística foram aplicados os testes T de Student e Qui-quadrado de Pearson para comparar as variáveis de interesse entre os grupos CRM e TV, considerando como significativo p≤0,05.
RESULTADOS: De 210 prontuários analisados, 129 (61,4%) pacientes haviam sido submetidos à CRM e 81 (38,5%) à TV. Nas variáveis intraoperatórias, observaram-se na CRM e na TV, respectivamente (em minutos): fração de ejeção 60,2±11,9 vs. 66,2±11,2 (p=0,001); tempo de circulação extracorpórea 75,4±25,1 vs. 105,4±121,5 (p<0,001); tempo de clampeamento de aorta 60,7±39,3 vs. 75,7±26,2 (p=0,003); tempo de cirurgia 200,1±76,3 vs. 198,3±71,5 (p=0,865); tempo de ventilação mecânica 629,1±296,4 vs. 574,4±135,6 (p=0,076). No pós-operatório, o tempo de permanência na unidade de terapia intensiva coronariana foi de 2,5±1,8 dias na CRM e de 2,5±0,8 dias na TV (p=0,779). Noventa e seis (75%) pacientes submetidos à CRM e 46 (59%) pacientes submetidos à TV tiveram recuperação espontânea dos batimentos cardíacos (p=0,020). A maioria dos pacientes não apresentou complicações, tanto na CRM (n=105; 81,4%) quanto na TV (n=59; 72,8%) (p=0.561). A mortalidade foi de 2 (1,6%) na CRM e de 4 (4,9%) na TV (p=0,274). A taxa de óbito total durante o período de internação hospitalar foi de 2,9%.
CONCLUSÕES: Na análise das cirurgias CRM e TV houve diferenças durante o momento intraoperatório, porém não se identificaram diferenças significativas nas complicações pós-operatórias e na mortalidade hospitalar. A análise descritiva e comparativa dessas duas técnicas cirúrgicas distintas, envolvendo pacientes com diferenças em suas características clínicas, permitiu o conhecimento das suas peculiaridades, podendo contribuir para o planejamento da assistência e da reabilitação cardíaca do paciente.
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