Gravidade do déficit neurológico e incidência de infecções hospitalares em pacientes idosos com acidente vascular cerebral agudo
DOI:
https://doi.org/10.15448/1980-6108.2016.4.25168Palavras-chave:
acidente vascular cerebral, infecção hospitalar, epidemiologia, mortalidade, idosos.Resumo
Objetivos: Avaliar a associação entre gravidade do déficit neurológico/grau de incapacidade funcional e incidência de infecções hospitalares, tempo de permanência hospitalar e mortalidade, em pacientes idosos com acidente vascular cerebral agudo.
Métodos: Um estudo de coorte prospectivo avaliou pacientes idosos com diagnóstico de acidente vascular cerebral agudo, internados no Hospital de Clínicas da Faculdade de Medicina de Marília, em Marília, SP. Os critérios de inclusão foram idade igual ou superior a 60 anos e diagnóstico de acidente vascular cerebral agudo. Os pacientes foram agrupados de acordo com a gravidade do acidente vascular cerebral pela National Institute of Health Stroke Scale e o grau de dependência pela escala modificada de Rankin. Todos os pacientes foram acompanhados desde o momento da internação até a alta hospitalar ou óbito.
Resultados: Foram estudados 113 pacientes com média de idade de 70,8 anos, sendo 63 (55,7%) homens. As principais doenças de base relacionadas foram hipertensão arterial (77,9%) e diabetes mellitus tipo 2 (30,1%). Setenta e oito (69%) pacientes foram acometidos pela primeira vez e 86 (76,1%) apresentaram acidente vascular cerebral isquêmico. Tiveram infecção hospitalar 24 pacientes (21,2%) sendo pneumonia a mais frequente (13,5%). O tempo médio de permanência hospitalar dos pacientes com infecção hospitalar foi maior, quando comparados àqueles sem infecção hospitalar (16,2±16,2 dias e 33,2±22,9 dias, p<0,001). Observou-se relação entre escore de 16 a 42 pontos, na National Institute of Health Stroke Scale, e a ocorrência de infecção hospitalar (rico relativo 4,4; intervalo de confiança 95% 1,8 a 11,0). A mortalidade intra-hospitalar foi de 15,9%, sendo maior entre pacientes considerados muito graves à admissão, quando comparados com aqueles com gravidade moderada a leve pela National Institute of Health Stroke Scale, (34,6% e 1,6% respectivamente, p<0,001) e também entre aqueles que desenvolveram infecção hospitalar quando comparados aos que não apresentaram esta complicação (37,5% e 10,1% respectivamente, p=0,003).
Conclusões: As infecções hospitalares foram complicações importantes entre os pacientes idosos com acidente vascular cerebral agudo e estiveram associadas com maior gravidade do déficit neurológico, maior grau de dependência, tempo de hospitalização mais prolongado e taxa de mortalidade mais alta.Downloads
Referências
Feigin VL, Lawes CM, Bennett DA, Barker-Collo SL, Parag V. Worldwide stroke incidence and early case fatality reported in 56 population-based studies: a systematic review. Lancet Neurol. 2009;(4):355-69. http://dx.doi.org/10.1016/S1474-4422(09)70025-0
Garritano CR, Luz PM, Pires MLE, Barbosa MTS, Batista KM. Análise da tendência da mortalidade por acidente vascular cerebral no Brasil no século XXI. Arq Bras Cardiol. 2012;98(6):519-27. http://dx.doi.org/10.1590/S0066-782X2012005000041
World Health Organization. Stroke, cerebrovascular accident [Internet]. Geneva: WHO; 2014. [cited 2014 Sept 20]. Available from: http://www.who.int/topics/cerebrovascular_accident/en/
Lyden P, Lu M, Jackson C, Marler J, Kothari R, Brott T, Justin Zivin, NINDS tPA Stroke Trial Investigators. Underlying structure of the National Institutes of Health Stroke Scale: results of a factor analysis. Stroke. 1999;30(11):2347-54. http://dx.doi.org/10.1161/01.STR.30.11.2347
Swieten JC, Koudstaal PJ, Visser HJA, Schouten, Gijn J. Interobserver agreement for the assessment of handicap in stroke patients. Stroke. 1988;19(5):604-7. http://dx.doi.org/10.1161/01.STR.19.5.604
Caneda MAG, Fernandes JG, Almeida AC, Mugno FE. Confiabilidade de escalas de comprometimento neurológico em pacientes com acidente vascular cerebral. Arq Neuropsiquiatr. 2006;64(3A):690-7. http://dx.doi.org/10.1590/S0004-282X2006000400034
Cincura C, Pontes-Neto OM, Neville IS, Mendes HF, Menezes DF, Mariano DC, Pereira IF, Teixeira LA, Jesus PAP, Queiroz DCL, Pereira DF, Pinto E, Leite JP, Lopes AA, Oliveira-Filho J. Validation of the National Institutes of Health Stroke Scale, modified rankin scale and Barthel Index in Brazil: the role of cultural adaptation and structured interviewing. Cerebrovasc Dis. 2009;27(2):119-22. http://dx.doi.org/10.1159/000177918
Sablot D, Belahsen F, Vuillier F, Cassarini JF, Decavel P, Tatu L, Moulin T, Bustos EM. Predicting acute ischaemic stroke outcome using clinical and temporal thresholds. ISRN Neurol. 2011;2011:354642. http://dx.doi.org/10.5402/2011/354642
Furlan NE. Associação entre nível de pressão arterial e letalidade na fase aguda do acidente vascular cerebral: estudo prospectivo [thesis]. [Botucatu]: Universidade Estadual Paulista; 2015. 46 p.
Salat D, Campos M, Montaner J. Avances em la fisiopatologia y el tratamiento de las infecciones em la fase aguda del ictus. Med Clin (Barc). 2012;139(15):681-7. http://dx.doi.org/10.1016/j.medcli.2012.03.014
Soares MIFG. Acidente vascular cerebral isquêmico: complicações infecciosas segundo o volume e a localização de enfarte [thesis]. [Covilhã]: Universidade da Beira Interior; 2011. 46 p.
Sacco RL, Kasner SE, Broderick JP, Caplan LR, Connors JJ, Culebras A, Elkind MS, George MG, Hamdan AD, Higashida RT, Hoh BL, Janis LS, Kase CS, Kleindorfer DO, Lee JM, Moseley ME, Peterson ED, Turan TN, Valderrama AL, Vinters HV. American Heart Association Stroke Council, Council on Cardiovascular Surgery and Anesthesia, Council on Cardiovascular Radiology and Intervention, Council on Cardiovascular and Stroke Nursing, Council on Epidemiology and Prevention, Council on Peripheral Vascular Disease, Council on Nutrition, Physical Activity and Metabolism. An updated definition of stroke for the 21st century: a statement for healthcare professionals from the American Heart Association/American Stroke Association. Stroke. 2013;44(7):2064-89. http://dx.doi.org/10.1161/STR.0b013e318296aeca
Centers for Disease Control and Prevention. Surveillance Definitions for Specific Types of infections [Internet]. Atlanta [USA]:CDC; 2016 [cited 2016 Mar 26]. Available from: http://www.cdc.gov/nhsn/pdfs/pscmanual/17pscnosinfdef_current.pdf
São Paulo. Secretaria do Estado de Saúde. Manual de orientações e critérios diagnósticos: hospital geral [Internet]. São Paulo (SP): CVE; 2016 [cited 2016 Mar 26]. Available from: http://www.cve.saude.sp.gov.br/htm/ih/pdf/IH16_Manual_Criterios_Diag_hospitalgeral_2.pdf
Kasner SE, Moss HE. Cerebrovascular disorders. ACP Medicine. 2010;1-22.
Santos ISO. Acidente vascular verebral isquêmico: fatores preditores de mortalidade hospitalar e incapacidade [thesis]. [São Paulo]: Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, Universidade de São Paulo; 2013. 94 p.
Ng YS, Stein J, Ning M, Black-Schaffer RM. Comparison of clinical characteristics and functional outcomes of ischemic stroke in different vascular territories. Stroke. 2007;38(8):2309-14. http://dx.doi.org/10.1161/STROKEAHA.106.475483
Muller M. Recorrência e letalidade do acidente vascular cerebral em Joinville, Brasil: estudo prospectivo de base populacional [thesis]. [Joinville]: Universidade da Região de Joinville; 2015. 103 p.
Pinto PTC. Trombólise intravenosa para acidente vascular cerebral isquêmico agudo em um hospital brasileiro, público e acadêmico: caracterização de casuística [thesis]. [Ribeirão Preto]: Universidade de São Paulo; 2013. 84 p.
Nascimento KG. Aspectos epidemiológicos e clínicos de pacientes com acidente vascular cerebral isquêmico submetido ao tratamento endovenoso com ativador tecidual de plasminogênio humano recombinante – RTPa [thesis]. [Uberaba]: Universidade Federal do Triângulo Mineiro; 2015. 80 p.
Westendorp WF, Nederkoorn PJ, Vermeij JD, Dijkgraaf MG, van de Beek D. Post-stroke infection: a systematic review and meta-analysis. BMC Neurol. 2011(Sept 20);11:110. http://dx.doi.org/10.1186/1471-2377-11-110
Ionita CC, Siddiqui AH, Levy EI, Hopkins N, Snyder KV, Gibbons KJ. Acute Ischemic Stroke and Infections. J Stroke Cerebrovasc Dis. 2011;20(1):1-9. http://dx.doi.org/10.1016/j.jstrokecerebrovasdis.2009.09.011
Vermeij FH, Scholte OP, Reimer WJ, de Man P, Van Oostenbrugge RJ, Franke CL, de Jong G, de Jong G, de Kort PL, Dippel DW, Netherlands Stroke Survey Investigators. Stroke-associated infection is an independent risk factor for poor outcome after acute ischemic stroke: data from the Netherlands Stroke Survey. Cerebrovasc Dis. 2009;27(5):465-71. http://dx.doi.org/10.1159/000210093
Sellars C, Bowie L, Bagg J, Sweeney MP, Miller H, Tilston J, Langhorne P, Scott DJ. Risk factors for chest infection in acute stroke: a prospective cohort study. Stroke. 2007;38(8):2284-91. http://dx.doi.org/10.1161/STROKEAHA.106.478156
Cornesoltas Suarez L, Serra Valdés MA, O'Farrill Lazo R. Factores de riesgo y mortalidad por neumonía intrahospitalaria en la Unidad de Terapia Intensiva de Ictus. Medwave. 2013;13(2):e5637.
Paganini-Hill A, Lozano E, Fischberg G, Perez Barreto M, Rajamani K, Ameriso SF, Heseltine PNR, Fisher M. Infection and risk of ischemic stroke: differences among stroke subtypes. Stroke. 2003; 34(2):452-7. http://dx.doi.org/10.1161/01.STR.0000053451.28410.98
Dalager-Pedersen M, Søgaard M, Schønheyder HC, Nielsen H, Thomsen RW. Risk for myocardial infarction and stroke after community-acquired bacteremia: a 20-year population-based cohort study. Circulation. 2014;129(13):1387-96. http://dx.doi.org/10.1161/CIRCULATIONAHA.113.006699
Johnsen SP, Svendsen ML, Ingeman A. Infection in patients with acute stroke. Open Infect Dis J. 2012;6(Suppl 1: M3):40-5.
Wartenberg KE, Stoll A, Funk A, Meyer A, Schmidt JM, Berrouschot J. Infection after acute ischemic stroke: risk factors, biomarkers, and outcome. Stroke Res Treat. 2011;2011:830614. http://dx.doi.org/10.4061/2011/830614
Shaw AC, Goldstein DR, Montgomery RR. Age-dependent dysregulation of innate immunity. Nat Rev Immunol. 2013;13(12):875-87. http://dx.doi.org/10.1038/nri3547
Aarnio K, Haapaniemi E, Melkas S, Kaste M, Tatlisumak T, Putaala J. Long-term mortality after first-ever and recurrent stroke in young adults. Stroke. 2014;45(9):2670-6. http://dx.doi.org/10.1161/STROKEAHA.114.005648
Chandra RV, Leslie-Mazwi TM, Mehta BP, Yoo AJ, Simonsen CZ. Clinical outcome after intra-arterial stroke therapy in the very elderly: why is it so heterogeneous? Front Neurol. 2014;5:60. http://dx.doi.org/10.3389/fneur.2014.00060
Brogan E, Langdon C, Brookes K, Budgeon C, Blacker D. Respiratory infections in acute stroke: nasogastric tubes and immobility are stronger predictors than dysphagia. Dysphagia. 2014;29(3):340-5. http://dx.doi.org/10.1007/s00455-013-9514-5
Toscano M, Cecconi E, Capoluppi E, Vigano A, Bertora P, Campiglio L, Petolicchio MC, D'Elia S, Vicenzini VA, Cislaghi GM, Dipiero V. Neuroanatomical clinical and cognitive correlates of post-stroke dysphagia. Eur Neurol. 2015;74(3-4):171-7. http://dx.doi.org/10.1159/000441056
George AJ, Boehme AK, Siegler JE, Monlezun D, Fowler BD, Shaban A, Albright KC, Beasley M, Martin-Schild S. Hospital-acquired infection underlies poor functional outcome in patients with prolonged length of stay. ISRN Stroke. 2013;2013:312348. http://dx.doi.org/10.1155/2013/312348
Colbert JF, Traystman RJ, Poisson SN, Herson PS, Ginde AA. Sex-related differences in the risk of hospital-acquired sepsis and pneumonia post acute ischemic stroke. J Stroke Cerebrovascular Dis. 2016; S1052-3057(16):30125-2. http://dx.doi.org/10.1016/j.jstrokecerebrovasdis.2016.06.008
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Direitos Autorais
A submissão de originais para a Scientia Medica implica na transferência, pelos autores, dos direitos de publicação. Os direitos autorais para os artigos publicados nesta revista são do autor, com direitos da revista sobre a primeira publicação. Os autores somente poderão utilizar os mesmos resultados em outras publicações indicando claramente a Scientia Medica como o meio da publicação original.
Licença Creative Commons
Exceto onde especificado diferentemente, aplicam-se à matéria publicada neste periódico os termos de uma licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional, que permite o uso irrestrito, a distribuição e a reprodução em qualquer meio desde que a publicação original seja corretamente citada.