Atitude e prática no consumo de frutas e hortaliças entre adolescentes em vulnerabilidade social
DOI:
https://doi.org/10.15448/1980-6108.2014.3.17232Palavras-chave:
CONSUMO DE ALIMENTOS, FRUTAS, HÁBITOS ALIMENTARES, NUTRIÇÃO DO ADOLESCENTE, VERDURASResumo
OBJETIVOS: Avaliar o comportamento alimentar para frutas e hortaliças de adolescentes em vulnerabilidade social. MÉTODOS: Estudo transversal com adolescentes assistidos por dois projetos sociais selecionados por amostragem de conveniência em Chapecó, estado de Santa Catarina. Aplicou-se Recordatório de 24 horas para analisar o consumo de frutas e hortaliças e um algoritmo específico para investigar a autopercepção sobre a qualidade do consumo e os estágios de mudança de atitude alimentar. Os dados foram analisados com o Statistical Package for Social Sciences v.17.0, por estatística descritiva e inferencial, adotando-se nível de significância de 5%. RESULTADOS: Participaram do estudo todos os 120 adolescentes assistidos pelos projetos sociais selecionados, 59 meninos e 61 meninas, com idade média de 12,9±1,92 anos. O consumo médio (porções/dia) foi 2,14±1,79 para frutas e 0,67±0,68 para hortaliças. Meninas consumiam mais hortaliças (p=0,047); 52 (43,3%) adolescentes consideravam ter consumo saudável de frutas, entretanto somente 24 (46,2%) destes tinham consumo adequado; 61 (50,9%) afirmaram consumo saudável de hortaliças, enquanto apenas dois (3,3%) destes tinham consumo adequado. Os que consideravam ter consumo saudável consumiam mais frutas (p=0,001). Sobre o estágio de mudança, as meninas foram maioria em contemplação e decisão, e os meninos em pré-contemplação e ação (p=0,014). O consumo de frutas apresentou correlação positiva significativa (rs=0,302; p=0,001) com os estágios de mudança, sendo maior nos estágios mais avançados. CONCLUSÕES: O consumo de frutas e hortaliças foi inferior às recomendações, situação agravada pela autopercepção distorcida sobre a qualidade deste consumo e pela vulnerabilidade social. Os aspectos subjetivos do comportamento alimentar evidenciaram a predominância de adolescentes com consumo inadequado destes alimentos que não consideram a possibilidade de mudança de atitude alimentar.Downloads
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