No limite da utopia
Cultura gamer, neoliberalismo e regulação dos esports no Brasil
DOI:
https://doi.org/10.15448/1980-3729.2023.1.43088Palavras-chave:
esports, neoliberalismo, cultura gamer, games studiesResumo
Este artigo parte da controvérsia sobre o Projeto de Lei do Senado n.º 383, que trata da regulamentação da atividade dos esports no Brasil. Analisamos as repercussões e a conversação acerca da hashtag #TodosContraPLS383, movimento de repúdio organizado no Twitter em novembro de 2019, com o intuito de compor um argumento que problematize: a) as relações entre a indústria de games e dimensões de governança; e b) de que forma o discurso neoliberal é assimilado por sujeitos dentro desta cultura. A partir de uma apropriação de inspirações etnográficas e utilizando o software ATLAS.ti para a coleta e compreensão dos dados, reconstruímos uma narrativa que discute a retórica antirregulação expondo a ideologia neoliberal que pode ser largamente identificada nos discursos a respeito da cultura gamer.
Downloads
Referências
APPERLEY, T. Gaming Rhythms: Play and Counterplay from the Situated to the Global. Amsterdam: Institute of Network Cultures, 2010.
BAPTISTA, R. E-sports: projeto de regulamentação encontra resistência do setor. In: Senado Notícias. [S. l.], 7 nov. 2019. Disponível em: https://bit.ly/3IycZvr. Acesso em: 16 mar. 2020.
BERLANT, L. Cruel Optimism: on Marx, Loss and the Senses. New Formations, London, v. 63, p. 33-52, 2007.
CHAO, L. “You must construct additional pylons”: Building a better framework for esports governance. Fordham Law Review, New York, v. 86, n. 2, p. 737–765, 2017.
CHESS, S.; SHAW, A. A Conspiracy of Fishes, or, How We Learned to Stop Worrying About #GamerGate and Embrace Hegemonic Masculinity. Journal of Broadcasting & Electronic Media, London, v. 59, n. 1, p. 208-220, 2015. DOI: https://doi.org/10.1080/08838151.2014.999917
COULDRY, N.; MEJIAS, U. The Costs of Connection: How Data Is Colonizing Human Life and Appropriating It for Capitalism. Redwood City: Stanford University Press, 2019. DOI: https://doi.org/10.1515/9781503609754
CROGAN, P. Indie Dreams: Video Games, Creative Economy, and the Hyperindustrial Epoch. Games and Culture, London, v. 13, n. 7, p. 671-689, 2018. DOI: https://doi.org/10.1177/1555412018756708
FALCÃO, T. Jogo, o caminho menos trilhado. Sessões do Imaginário, Porto Alegre, v. 22, n. 38, p. 12-13, 2017. DOI: https://doi.org/10.15448/1980-3710.2017.2.32187
FALCÃO, T.; MACEDO, T.; KURTZ, G. Conservadorismo e masculinidade tóxica na cultura gamer: Uma aproximação a Magic: The Gathering. MATRIZes, São Paulo, v. 15, n. 2, p. 251-277, 2021. DOI: https://doi.org/10.11606/issn.1982-8160.v15i2p251-277
FALCÃO, T.; MARQUES, D.; MUSSA, Ivan. #BOYCOTTBLIZZARD: capitalismo de plataforma e a colonização do jogo. Contracampo, Niterói, v. 39, n. 2, p. 59-78, 2020. DOI: https://doi.org/10.22409/contracampo.v0i0.38578
FRAGOSO, S.; RECUERO, R.; AMARAL, A. Métodos de pesquisa para a internet. 2. Reimp. São Leopoldo: Sulina, 2013.
GILLESPIE, T. The Politics of ‘Platforms’. New Media & Society, London, v. 12, n. 3, p. 347-364, 2010. DOI: https://doi.org/10.1177/1461444809342738
GRUSIN, R. Premediation: Affect and Mediality After 9/11. Basingstoke: Palgrave Macmillan, 2010. DOI: https://doi.org/10.1057/9780230275270
HUTCHINS, B. Signs of meta-change in second modernity: the growth of e-sport and the World Cyber Games. New Media & Society, London, v. 10, n. 6, p. 851-869, 2008. DOI: https://doi.org/10.1177/1461444808096248
JAMESON, F. Postmodernism or, The Cultural Logic of Late Capitalism. Durham: Duke University Press, 1991. DOI: https://doi.org/10.1215/9780822378419
JIN, D. Korea’s Online Gaming Empire. Cambridge: MIT Press, 2010. DOI: https://doi.org/10.7551/mitpress/9780262014762.001.0001
JOHNSON, M.; WOODCOCK, J. Fighting games and Go: Exploring the aesthetics of play in professional gaming. Thesis Eleven, London, v. 138, n. 1, p. 26-45, 2017. DOI: https://doi.org/10.1177/0725513616689399
JUUL, J. Half-Real: Video Games between Real Rules and Fictional Worlds. Cambridge: MIT Press, 2005.
LATOUR, B. Reassembling the Social. An Introduction to Actor-Network-Theory. Oxford: Oxford University Press, 2005.
MACEDO, T.; FALCÃO, T. E-Sports, herdeiros de uma tradição. Intexto, Porto Alegre, v. 45, n. 2, p. 246-267, 2019. DOI: https://doi.org/10.19132/1807-858320190.246-267
MACEDO, T.; FRAGOSO, S. Geografias dos Esports: mediações espaciais da prática competitiva na Amazônia. Logos, Rio de Janeiro, v. 26, n. 2, p. 106-123, 2019.
MACEDO, T.; FRAGOSO, S. Esports, Espetáculo e Materialidade: reflexões sobre a prática profissional durante a pandemia de covid-19. In: ENCONTRO ANUAL DA COMPÓS, 30., 2021, São Paulo. Anais [...]. Brasília: Compós, 2021, p. 1-21.
MACEDO, T.; KURTZ, G. Quem não sonhou em ser um jogador de videogame? Colonialidade, precariedade e trabalho de esperança em Free Fire. Contracampo, Niterói, v. 40, n. 3, p. 1-23, 2021. DOI: https://doi.org/10.22409/contracampo.v40i3.50495
MAGNANI, J. Etnografia como prática e experiência. Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, v. 15, n. 32, p. 129-156, 2009. DOI: https://doi.org/10.1590/S0104-71832009000200006
MARTINO, L.; MARQUES, A. Afetividade do conhecimento na epistemologia: a subjetividade das escolhas na pesquisa em Comunicação. MATRIZes, São Paulo, v. 12, n. 2, p. 217-234, 2018. DOI: https://doi.org/10.11606/issn.1982-8160.v12i2p217-234
MEJIA, R.; BULUT, E. The cruel optimism of casual games: neocolonialism, neoliberalism, and the valorization of play. Journal Critical Studies in Media Communication, London, v. 36, n. 2, p. 156-170, 2019. DOI: https://doi.org/10.1080/15295036.2019.1566626
MESSIAS, J.; AMARAL, D.; OLIVEIRA, T. Playing Beyond Precariousness: The Political Dimension of Brazilian Modding in Pro Evolution Soccer. In: PENIX-TADSEN, P. (ed.). Video Games and the Global South. Pittsburgh: Carnegie Mellon University: ETC Press, 2019. p. 75-86. DOI: https://doi.org/10.1145/3402942.3402972
MESSIAS, J.; MUSSA, I. Por uma epistemologia da gambiarra: invenção, complexidade e paradoxo nos objetos técnicos digitais. MATRIZes, São Paulo, v. 14, n. 1, p. 173-192, 2020. DOI: https://doi.org/10.11606/issn.1982-8160.v14i1p173-192
MIGNOLO, W. Historias locales/diseños globales. Colonialidad, conocimientos subalternos y pensamento fronterizo. Madrid: Akal, 2003.
MIGNOLO, W. La idea de América Latina. La herida colonial y la opción decolonial. Barcelona: Gedisa, 2007.
MÖRING, S.; LEINO, O. Beyond games as political education – neo-liberalism in the contemporary computer game form. Journal of Gaming & Virtual Worlds, [S. l.], v. 8, n. 2, p. 145-161, 2016. DOI: https://doi.org/10.1386/jgvw.8.2.145_1
MORTENSEN, T. Anger, Fear, and Games: The Long Event of #Gamergate. Games and Culture, London, v. 13, n. 8, p. 787-806, 2018. DOI: https://doi.org/10.1177/1555412016640408
MUKHERJEE, S. Videogames and Postcolonialism: Empire Plays Back. Londres: Palgrave Macmillan, 2017. DOI: https://doi.org/10.1007/978-3-319-54822-7
MUSSA, Ivan; FALCÃO, Thiago; MACEDO, Tarcízio. Lazer liminar: colonização do jogo e trabalho do jogador no RappiGames. ANTARES, Caxias do Sul, v. 12, n. 28, p. 313-340, 2020. DOI: https://doi.org/10.18226/19844921.v12.n28.16
PENIX-TADSEN, P. Cultural Code: Video Games and Latin America. Cambridge: MIT Press, 2016. DOI: https://doi.org/10.7551/mitpress/10350.001.0001
PENIX-TADSEN, P. (ed.). Video Games and the Global South. Pittsburgh: Carnegie Mellon University, 2019.
RONCOLATO, M. A discussão sobre a regulamentação de eSports no Brasil. Nexo, [S. l.], 3 jul. [2018]. Disponível em: https://bit.ly/3wUDBv5. Acesso em: 16 mar. 2020.
SADOWSKI, J. When data is capital: Datafication, accumulation, and extraction. Big Data & Society, London, v. 6, n. 1, p. 1-12, 2019. DOI: https://doi.org/10.1177/2053951718820549
SHAW, A. What Is Video Game Culture? Cultural Studies and Game Studies. Games and Culture, London, v. 5, n. 4, p. 403-424, 2010. DOI: https://doi.org/10.1177/1555412009360414
SRNICEK, S. Platform capitalism. Cambridge: Policy Press, 2017.
TAYLOR, T. Raising the Stakes: E-Sports and the Professionalization of Computer Gaming. Cambridge: MIT Press, 2012. DOI: https://doi.org/10.7551/mitpress/8624.001.0001
TAYLOR, T. Watch Me Play: Twitch and the Rise of Game Live Streaming. Princeton: Princeton University Press, 2018. DOI: https://doi.org/10.1515/9780691184975
TURTIAINEN, R.; FRIMAN, U.; RUOTSALAINEN, M. “Not Only for a Celebration of Competitive Overwatch but Also for National Pride”: Sportificating the Overwatch World Cup 2016. Games and Culture, London, v. 15, n. 4, p. 351-371, 2020. DOI: https://doi.org/10.1177/1555412018795791
VAN DIJCK, J.; POELL, T.; De WAAL, M. The Platform Society: Public Values in a Connective World. New York: Oxford University Press, 2018. DOI: https://doi.org/10.1093/oso/9780190889760.001.0001
VOORHEES, G. Neoliberal masculinity: The government of play and masculinity in E-sports. In: OATES, T.; BROOKEY, R. Playing to Win: Sports, Video Games, and the Culture of Play. Bloomington: Indiana University Press, 2015. p. 63-91.
ZUBOFF, S. Big other: Surveillance Capitalism and the Prospects of an Information Civilization. Journal of Information Technology, London, v. 30, n. 1, p. 75-89, 2015. DOI: https://doi.org/10.1057/jit.2015.5
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2023 Revista FAMECOS

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Derechos de Autor
La sumisión de originales para la Revista Famecos implica la transferencia, por los autores, de los derechos de publicación. El copyright de los artículos de esta revista es el autor, junto con los derechos de la revista a la primera publicación. Los autores sólo podrán utilizar los mismos resultados en otras publicaciones indicando claramente a Revista Famecos como el medio de la publicación original.
Creative Commons License
Excepto donde especificado de modo diferente, se aplican a la materia publicada en este periódico los términos de una licencia Creative Commons Atribución 4.0 Internacional, que permite el uso irrestricto, la distribución y la reproducción en cualquier medio siempre y cuando la publicación original sea correctamente citada.