Qualidade de vida e mortalidade de nonagenários e centenários brasileiros com incontinência urinária
DOI:
https://doi.org/10.15448/2357-9641.2020.1.38763Palavras-chave:
Saúde pública, Envelhecimento, Incontinência urinária, Análise de sobrevida, MortalidadeResumo
OBJETIVOS: A incontinência urinária (IU) é frequente em idosos e associada a redução da funcionalidade, qualidade de vida e sobrevida em idosos mais jovens (65 a 80 anos), mas pouco se sabe sobre seu impacto em nonagenários e centenários. Assim, este estudo teve como objetivo avaliar a saúde e a mortalidade de nonagenários e centenários com IU.
MÉTODOS: Nonagenários e centenários residentes em Porto Alegre, Brasil, participantes de um estudo de coorte, foram acompanhados entre 2016 e 2019. A análise de sobrevida foi realizada usando os métodos de regressão de riscos proporcionais de Cox nos modelos simples e ajustados.
RESULTADOS: A prevalência geral de IU foi de 56%, 64% nas mulheres e 38% nos homens (p <0,01). A IU foi mais frequente em viúvos (p <0,01), que saíram de casa (p = 0,02) e participaram de atividades sociais com menos frequência (p = 0,07). Também apresentaram maior frequência de doenças crônicas (p = 0,02), mais sintomas de depressão (p = 0,08) e redução do desempenho cognitivo (p = 0,04). Participantes com IU tiveram sobrevida reduzida na análise simples (HR 0,29, p = 0,23) e ajustada (HR 0,33%, p = 0,19). As variáveis que mais influenciaram IU e mortalidade, foram participação em atividades sociais, capacidade de sair de casa, desempenho cognitivo e função / mobilidade de membros inferiores.
CONCLUSÕES: Embora a IU não seja um preditor direto, está associada à redução da sobrevida. Os nonagenários e centenários com IU provavelmente terão um risco menor de mortalidade se continuarem a participar de atividades sociais, preservar seu desempenho cognitivo e praticar atividades físicas.
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