Consumo de psicoestimulantes por estudantes de medicina de uma universidade do extremo sul do Brasil

Resultados de um estudo de painel

Autores

DOI:

https://doi.org/10.15448/1980-6108.2021.1.38886

Palavras-chave:

estimulantes do sistema nervoso central, prevalência, estudantes de medicina, cafeína, metilfenidato

Resumo

Objetivo: analisar a evolução do consumo de psicoestimulantes pelos acadêmicos de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande (FURG) durante quatro anos.
Métodos: foi realizado um estudo de painel com amostra de estudantes do primeiro ao quarto ano do curso de medicina, matriculados na instituição no período de 2015 a 2018. O estudo teve como desfecho o consumo de psicoestimulantes. Foram coletadas informações sobre o uso de cafeína, metilfenidato, piracetam, modafinil, bebidas energéticas, metilenodioximetanfetamina (ecstasy) e anfetaminas. O questionário foi composto de duas etapas. Na primeira, foram recolhidas informações demográficas, sobre hábitos e qualidade de vida. Na segunda, questionou-se sobre o consumo de substâncias estimulantes, abordando a frequência de uso, efeitos percebidos e a motivação para o consumo, assim como o início do consumo durante o curso.
Resultados: a prevalência de uso dessas substâncias aumentou de 58% para 68% de 2015 a 2018. A proporção de acadêmicos que começaram a usar psicoestimulantes durante a faculdade, aumentou de 15% para 30%. Essa proporção aumentou conforme o ano do curso, passando de 25% no primeiro ano para 38% no quarto ano. Esse resultado foi atribuído, principalmente, ao uso de metilfenidato, cuja prevalência aumentou de 21% para 56% durante o período do estudo.
Conclusões: o consumo de psicoestimulantes entre estudantes de medicina foi alto e o início de seu consumo durante a faculdade aumentou ao longo dos anos. Seu uso tem sido percebido como eficaz pela maioria dos usuários, o que pode dificultar o gerenciamento do uso indevido dessas substâncias.

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Biografia do Autor

Rudinei Carlos Mezacasa Júnior, Universidade Federal do Rio Grande (FURG), Rio Grande, RS, Brasil.

Estudante de Medicina pela Universidade Federal do Rio Grande (FURG), em Rio Grande, RS, Brasil.

Kevin Francisco Durigon Meneghini, Universidade Federal do Rio Grande (FURG), Rio Grande, RS, Brasil.

Estudante de Medicina pela Universidade Federal do Rio Grande (FURG), em Rio Grande, RS, Brasil.

Lauro Miranda Demenech, Universidade Federal do Rio Grande (FURG), Rio Grande, RS, Brasil.

Mestre em Saúde Pública pela Universidade Federal do Rio Grande (FURG), em Rio Grande, RS, Brasil.

Henri Luiz Morgan, Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), São Paulo, SP, Brasil.

Residente em Área Cirúrgica Básica pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), São Paulo, SP, Brasil.

Arthur Franzen Petry , Universidade Federal do Rio Grande (FURG), Rio Grande, RS, Brasil.

Médico pela Universidade Federal do Rio Grande (FURG), em Rio Grande, RS, Brasil.

Samuel Carvalho Dumith, Universidade Federal do Rio Grande (FURG), Rio Grande, RS, Brasil.

Pós-doutorado em Epidemiologia pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Pelotas, RS, Brasil; professor da Universidade Federal do Rio Grande (FURG), Rio Grande, RS, Brasil.

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Publicado

2021-08-31

Como Citar

Júnior, R. C. M. ., Meneghini, K. F. D., Demenech, L. M., Morgan, H. L., Petry , A. F., & Dumith, S. C. (2021). Consumo de psicoestimulantes por estudantes de medicina de uma universidade do extremo sul do Brasil: Resultados de um estudo de painel. Scientia Medica, 31(1), e38886. https://doi.org/10.15448/1980-6108.2021.1.38886

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