Alterações bioquímicas e toxicológicas de agricultores familiares da região do Alto Jacuí, Rio Grande do Sul

Autores

  • Natacha Cossettin Mori
  • Roberta Cattaneo Horn Universidade de Cruz Alta
  • Caroline Oliveira
  • Paola Ariane Pereira Leal
  • Diego Pascoal Golle
  • Jana Koefender
  • Josiane Bortolotto
  • Helena Matielo Dias

DOI:

https://doi.org/10.15448/1980-6108.2015.3.20999

Palavras-chave:

agricultores, agroquímicos, intoxicação, estresse oxidativo, inibidores da colinesterase.

Resumo

Objetivos: Avaliar possíveis alterações de marcadores bioquímicos e toxicológicos oriundas da exposição aos agroquímicos em trabalhadores rurais da região do Conselho Regional de Desenvolvimento Alto Jacuí, no Rio Grande do Sul.

Métodos: Foram incluídos agricultores que tinham contato com pesticidas há mais de cinco anos e um grupo de indivíduos saudáveis, não expostos a agrotóxicos, recrutados na comunidade. Os agricultores foram submetidos a provas de função hepática e renal e atividade da enzima butirilcolinesterase. Foram ainda determinados os níveis de substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico (TBARS), proteínas carboniladas (PCs) e glutationa reduzida (GSH), sendo os resultados destes parâmetros de estresse oxidativo comparados entre o grupo de agricultores expostos aos agrotóxicos e o grupo controle.

Resultados: Participaram do estudo 106 agricultores com exposição a pesticidas e 103 indivíduos saudáveis, sem contato com agrotóxicos. Os valores obtidos para os parâmetros hepáticos e renais avaliados encontravam-se normais, enquanto a atividade da butirilcolinesterase estava diminuída. Os níveis plasmáticos dos parâmetros de estresse oxidativo dos agricultores estavam aumentados em relação ao grupo controle: TBARS 9,51 vs. 6,719 nmol MDA/mL (p=0,0422); PCs 11,78 vs. 9,23 nmol carbonil/mg proteína (p=0,0337); GSH 0,7180 vs. 0,3649 µmol GSH/mL (p<0,0001). Verificou-se que 51,62% dos agricultores utilizavam equipamentos de proteção individual, 8,06 % faziam uso eventual e 40,32 % não faziam uso de nenhum tipo de proteção.

Conclusões: Os trabalhadores rurais avaliados apresentaram alterações que indicam estresse oxidativo, evidenciando a importância do monitoramento das condições de saúde dos mesmos, bem como do incentivo à utilização de equipamentos de proteção individual.

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Publicado

2015-11-17

Como Citar

Mori, N. C., Horn, R. C., Oliveira, C., Leal, P. A. P., Golle, D. P., Koefender, J., Bortolotto, J., & Dias, H. M. (2015). Alterações bioquímicas e toxicológicas de agricultores familiares da região do Alto Jacuí, Rio Grande do Sul. Scientia Medica, 25(3), ID20999. https://doi.org/10.15448/1980-6108.2015.3.20999

Edição

Seção

Artigos Originais