O uso crítico da memória nas narrativas jornalísticas sobre o rompimento da barragem da Vale
DOI:
https://doi.org/10.15448/1980-3729.2020.1.34278Palavras-chave:
Narrativas, Memória, Cobertura jornalísticaResumo
Averiguar o uso crítico da memória na cobertura jornalística de situações impactantes é o objetivo deste artigo, que tem como proposta a reflexão sobre dois acontecimentos próximos que ocorreram no estado de Minas Gerais no século XXI. O propósito é analisar a cobertura dos jornais Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo e O Globo sobre o rompimento da barragem da Vale, em 2019, em Brumadinho, e sua relação com o rompimento da barragem da Samarco, em 2015, em Mariana, por intermédio de uma análise de conteúdo, que apresenta como eixos operadores os “portadores de memória” identificados como “Fenômenos” e “Sujeitos”. Este olhar está ancorado nos conceitos de acontecimento e memória, em associação com o papel testemunhal do jornalismo. Nota-se que a cobertura proporcionou um relativo destaque para a conexão entre os dois acontecimentos recorrendo ao uso crítico da memória.
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