A Toxicologia Afetiva das Mídias Sociais
DOI:
https://doi.org/10.15448/1980-3729.2023.1.42648Palavras-chave:
toxicidade, rede, afetoResumo
A toxicidade atribuída às mídias sociais indica problemas sistêmicos mais profundos do que aqueles geralmente designados como seus males tóxicos. Embora as aflições resultantes do consumo das mídias sociais constituam graves problemas sociais por si só, elas aludem a uma disfuncionalidade que precede e transcende os problemas individuais. Os efeitos nocivos indicam simultaneamente as mídias sociais como fatores causais e resultados autoperpetuantes, criando as condições de obrigação recíproca e a dependência do “Curtir!” que juntos funcionam como o motor por trás da compulsão de repetir. As plataformas buscam maximizar o tempo de tela é trabalho produtivo não remunerado que contribui para o capital da plataforma e para seus lucros. Examinamos a dinâmica da toxicidade das mídias sociais como uma aflição afetiva usando o conceito de afeto do Spinoza na Ética (1677) e as ideias de obrigação recíproca de Marcel Mauss no Ensaio sobre a dádiva (1925) como uma filosofia prática que lança luz sobre o maquinismo subjacente das plataformas sociais digitais e a criação de valor como espaço-tempo das redes sociais por meio do cultivo do narcisismo. Não pretende ser a explicação “final” do fenômeno, mas busca produzir uma imagem alternativa, suplementar — embora incompleta — do uso das mídias sociais.
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