Tempo, mídia e processos sociopolíticos no Brasil do século XXI
Perspectivas sociossemióticas
DOI:
https://doi.org/10.15448/1980-3729.2020.1.39712Palavras-chave:
Temporalidade, Processos sociopolíticos, SociossemióticaResumo
A partir de uma releitura dos conceitos de acidente de Eric Landowski e de explosão de Jurij M. Lotman, este artigo analisa as correlações entre o tempo mediático e o tempo sociopolítico do processo que levou das jornadas de junho de 2013 ao impeachment de Dilma Rousseff. As hipóteses defendidas são: a) junho de 2013 constitui um evento acidental/explosivo que projeta o Brasil em um presente atemporal amorfo e imprevisível, o qual se estende, ao menos, até o impedimento da ex-presidente; b) tal regime temporal define-se por um elevado grau de indeterminação semântica e por um elevado grau de carga estésica, isto é, de tensões e forças sensíveis que se alastram no corpo social; e c) as mídias sociais cumprem, nesse percurso, um papel catalítico: são elas que engendram a indeterminação e a carga estésica que dão corpo ao novo regime temporal. Almeja-se, assim, contribuir à construção de quadros teóricos capazes de dar conta da natureza semiótica do tempo no campo da comunicação.
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