Letramento dominante e prática social
Reflexões sobre a linguagem jurídica e a relação de poder com o jurisdicionado
DOI:
https://doi.org/10.15448/1984-4301.2021.2.38712Palavras-chave:
Letramento, Linguagem jurídica, Jurisdicionado, Poder simbólicoResumo
Sabe-se que o objetivo precípuo da língua em qualquer comunidade de fala é comunicar. No âmbito dos espaços jurídicos, seja tribunais, fóruns, sala de audiência ou secretarias forenses, as habilidades de leitura e escrita são de suma importância para que o cidadão participe juridicamente da sociedade de modo abrangente e tenha a tão apregoada garantia de acesso à Justiça, consoante dispõe o texto constitucional brasileiro. Dito isso, neste artigo, tem-se como objetivo propor uma reflexão sobre até que ponto a linguagem jurídica representa um instrumento de poder e segregação entre a Justiça e o jurisdicionado, considerando o estilo linguístico presente nas decisões judiciais e a falta de letramento social para atuação do indivíduo nos espaços institucionalizados. Essa reflexão ancora-se nos postulados dos Novos Estudos de Letramento, de Street (1993), Ângela Kleiman (1995) e Tfouni (1995), e também no conceito de poder simbólico do sociólogo Pierre Bourdieu (1989). Por fim, avoca-se a ideia do uso de uma linguagem jurídica capaz de inserir o jurisdicionado no universo das decisões judiciais, em detrimento do purismo linguístico, muitas vezes, ininteligível, com foco em uma decisão judicial emanada de um juiz do TRF 4, no ano de 2015.
Downloads
Referências
BARTON; David; HAMILTON, Mary. Local literacies: Reading and writing one Community. London and New York: Routledge, 1998.
BOURDIEU, Pierre. O poder simbólico. 6. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1989. Disponível em: http://www.ipeq.quimica.ufg.br/up/426/o/bourdieu_pierre._o_poder_simbolico.pdf. Acesso em: 20 jun. 2019.
FIORIN, José Luiz. Introdução ao pensamento de Bakhtin. São Paulo: Ática, 2008.
FREIRE, Paulo. Ideologia e educação: reflexões sobre a não neutralidade da educação. Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra, 1981.
HEATH, Shilei Brice. Protean shapes in literacy events: ever-shifting oral and literate traditions. In. TANNEN, D. (ed.). Spoken and written language: exploring orality and literacy. Norwood, N. J.: Ablex, 1982. p. 93.
KLEIMAN, Ângela B. (org.). Os significados do letramento. Campinas: Mercado de Letras, 1995.
MAGALHÃES NETO, Pedro R. Eventos de letramento em situação carcerária. Teresina: Editora F. G. Com de Equipamentos e Serviços, 2017.
MORTATTI, Maria do Rosário. Longo. Educação e Letramento. São Paulo: UNESP, 2004.
RIOS, Guilherme V. Letramentos do mundo da vida e letramentos de sistemas: revisitando os letramentos dominantes. Revista Signótica – UFG, Goiás, v. 25, n. 2, 2013.
RODAS, Sérgio. Manifesto antiformalista. Revista Consultor Jurídico, 25 maio 2015. Disponível em: https://www.conjur.com.br/2015-mai-25/juiz-faz-decisao-linguagem-coloquial-combater-juridiques. Acesso em: 20 jun. 2019.
SOARES, Magda. Novas práticas de leitura e escrita: letramento na cibercultura. Educação e Sociedade, Campinas, v. 23, n. 81, p. 143-160, dez. 2002. Disponível em: http://www.cedes.unicamp.br. Acesso em: 20 jun. 2019
STREET, Brian. (org) Cross-Cultural Approaches to Literacy. Cambridge: Cambridge University Press, 1993.
STREET, Brian V. Literacy in theory and practice. Cambridge: Cambridge University Press, 1984.
TFOUNI, Leda Veridiani. Adultos não alfabetizados: o avesso do avesso. Campinas: Pontes, 1988.
TFOUNI, Leda Veridiani. Letramento e alfabetização. São Paulo: Cortez, 1995.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2021 Letrônica
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Direitos Autorais
A submissão de originais para a Letrônica implica na transferência, pelos autores, dos direitos de publicação. Os direitos autorais para os artigos publicados nesta revista são do autor, com direitos da revista sobre a primeira publicação. Os autores somente poderão utilizar os mesmos resultados em outras publicações indicando claramente a Letrônica como o meio da publicação original.
Licença Creative Commons
Exceto onde especificado diferentemente, aplicam-se à matéria publicada neste periódico os termos de uma licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional, que permite o uso irrestrito, a distribuição e a reprodução em qualquer meio desde que a publicação original seja corretamente citada.