Retratos profanados: uma análise sobre morte e fotografia na poesia de Carlos Drummond de Andrade
DOI:
https://doi.org/10.15448/1984-4301.2019.3.32893Palavras-chave:
Fotografia. Morte. Carlos Drummond de AndradeResumo
O presente artigo tem como objetivo identificar as funções que a fotografia desempenha na relação que o eu-lírico drummondiano estabelece com os mortos nos poemas “Os mortos” de Lição de coisas (1962), “Os mortos de sobrecasaca” de Sentimento do mundo (1940), “Os rostos imóveis” de José (1940) e “Necrológio dos desiludidos do amor” de Brejo das almas (1932), a partir da perspectiva de Giorgio Agamben (2007) Susan Sontag (2004), Georges Didi-Huberman (1998) e Joan Fontcuberta (2010), utilizando a metodologia bibliográfica na perspectiva dos estudos comparados. Discute-se, assim, que indo na contramão do discurso comum sobre a fotografia, em que ela é vista como mera representação da realidade ou como um registro fiel e confiável do passado, a fotografia, enquanto temática drummondiana, vai se apresentar como um dispositivo frágil e que constantemente o relembra da impossibilidade da permanência da memória, contribuindo para um contínuo desencontro do eu-lírico com os mortos, que se manifesta em um tom irônico e de afronta, bem como em uma dificuldade de elaborar o passado.
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