Pelas redes da tradução: um estudo do conceito de transcriação, de Haroldo de Campos, no poema “Quisera no meu canto ser tão áspero”, de Dante Alighieri
DOI:
https://doi.org/10.15448/1984-4301.2019.1.32201Palavras-chave:
Tradução. Haroldo de Campos. Poesia. Transcriação.Resumo
O conceito de tradução aplicado por Haroldo de Campos é uma importante vertente da sua obra. Partindo da noção de Bense, ele defende que a identidade de um texto literário reside na articulação das redes de informação estética, enfatizando que cada texto possui uma ordenação singular de signos. Ao tradutor cabe ler e reescrever essa informação, com os olhos firmados na tradução entendida como crítica e criação (CAMPOS, 2006). Transgressiva, a perspectiva de tradução luciferina (CAMPOS, 2005, p. 180) baseia-se em um gesto de insubmissão ao conteúdo do texto de partida, pensando o exercício de tradução do signo em si. A ideia é tornar o texto de chegada em uma espécie de original, transformando o tradutor em “criador”. Aliás, para Campos, essa seria a única saída, principalmente, no caso da poesia. Esse artigo tem, pois, por objetivo, o estudo dessa vertente de tradução no poema “Quisera no meu canto ser tão áspero”, de Dante Alighieri, transcriação conduzida por Campos. A recriação da “lira pétrea” – esquema singular de rimas que culmina no isomorfismo: mulher/pedra – a melopeia posta a serviço da violência da linguagem etc., convidam-nos a refletir sobre o método de tradução de Campos, percebendo aqui o poeta que habita o fazer do tradutor.
Downloads
Referências
CANDIDO, Antonio. Literatura e Sociedade. Rio de Janeiro: Ouro sobre o azul, 2006.
BENJAMIN, Walter. Escritos sobre Mito e Linguagem. Tradução Susana Kampff Lages e Ernani Chaves; organização, apresentação e notas de Jeanne Marie Gagnebin. São Paulo: Duas Cidades/Ed. 34, 2011.
CAMPOS, Haroldo de. Deus e o Diabo no Fausto de Goethe: marginalia fáustica (leitura do poema acompanhada da transcriação em português das duas cenas finais da Segunda Parte). São Paulo: Perspectiva, 2005.
CAMPOS, Haroldo de. Metalinguagem e outras metas. 4 ed. São Paulo: Perspectiva, 2006. (Coleção Debates)
CAMPOS, Haroldo de. Pedra e luz na poesia de Dante. Rio de Janeiro: Imago, 1998.
CAMPOS, Haroldo de; CAMPOS, Augusto de; PIGNATARI, Décio. Teoria da Poesia Concreta: textos críticos e manifestos 1950-1960. 4. ed. São Paulo: Ateliê Editorial, 2006a.
CAMPOS, Haroldo de. Transcriação. Organização Marcelo Tápia e Thelma Médici Nóbrega. São Paulo: Perspectiva, 2013.
CAMPOS, Augusto de. Verso, reverso e controverso. São Paulo: Perspectiva, 2009.
LOMBARDI, A. Transumanar, transcriar. In: CAMPOS, Haroldo de. Pedra e luz na poesia de Dante. Rio de Janeiro: Imago, 1998.
MACHADO, I. Escola de Semiótica. São Paulo: Ateliê Editorial, 2003.
SPINA, S. A lírica trovadoresca. São Paulo: Edusp, 1991.
SISCAR. M. Jacques Derrida: literatura, política e tradução. São Paulo: Autores Associados, 2013.
WENDLING, I. et al. Influência da minieataquia seriada no vigor de minicepas de clones de Eucalyptusgrandis. Rev. Árvore, Viçosa, v. 27, n. 5, Oct. 2003.
Disponível em: www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-67622003000500003. Acesso em: 21 ago. 2012.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Direitos Autorais
A submissão de originais para a Letrônica implica na transferência, pelos autores, dos direitos de publicação. Os direitos autorais para os artigos publicados nesta revista são do autor, com direitos da revista sobre a primeira publicação. Os autores somente poderão utilizar os mesmos resultados em outras publicações indicando claramente a Letrônica como o meio da publicação original.
Licença Creative Commons
Exceto onde especificado diferentemente, aplicam-se à matéria publicada neste periódico os termos de uma licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional, que permite o uso irrestrito, a distribuição e a reprodução em qualquer meio desde que a publicação original seja corretamente citada.