Flanar e reler Curitiba: o olhar derrisor de Dalton Trevisan
DOI:
https://doi.org/10.15448/1984-4301.2014.1.16623Palavras-chave:
Dalton Trevisan, Curitiba, City, Flanêur, ReadingResumo
O presente artigo discute questões pertinentes ao espaço urbano, de maneira específica a cidade de Curitiba, sua disposição (cartografia urbana), seus símbolos e as imagens que emergem a partir do discurso oficial para ratificar no ideário popular conceitos como “cidade modelo”, “capital de desenvolvimento”, “joia rara” e “capital da sustentabilidade”. Esses conceitos serão contestados por meio das narrativas de Dalton Trevisan, que apresentam uma Curitiba sem pinheiros, sem flores e sem monumentos, pois não é sua intenção apresentar essa cidade linda, mas sim uma Curitiba marginal e distópica, povoada por pobres, andarilhos, prostitutas, loucos, enfim, por homens reais, marcados pelas desigualdades, pela fome, dor e angústia. Dalton Trevisan contempla o subúrbio e a miséria do homem, apresentando-o fragmentado, sem esperanças, marginal e explorado. Essas ideias estão dispostas na obra-síntese de Dalton Trevisan, Em busca de Curitiba perdida (1992), publicada por ocasião da comemoração dos 300 anos de fundação de Curitiba, como forma de protesto e para mostrar que a cidade possui dois lados: o centro e a margem e que desta margem ecoa o canto de lamentação da sua Curitiba de antanho. A fim de corroborar as ideias apresentadas e defendidas, este artigo apresenta a análise do conto “Cemitério de Elefantes”, que possibilita a visualização de um espaço urbano despudorado, em ruínas e em transformação ininterrupta.
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