O exercício de produção textual sob os princípios da teoria das operações enunciativas

Resumo

As reflexões que se apresentam, neste artigo, pretendem apontar a complexa relação, que julgamos flagrante, entre as propostas de produção de texto como exercício escolar, os textos produzidos pelos alunos em resposta aos exercícios propostos e as avaliações desse processo de produção textual pelos professores-avaliadores. As nossas observações têm como centro a leitura que o aluno faz de uma dada proposta de produção textual que o leva a uma produção linguística. Esse exercício de leitura será submetido a duas perspectivas teóricas diferentes, observado a partir do conceito de criatividade. Uma primeira que tem como parâmetro os princípios, em geral, adotados pela escola[1], para o qual nos apoiamos na avaliação feita pelo professor (avaliador do texto apresentado), e uma segunda, que tem como referência os princípios teórico-metodológicos da Teoria das Operações Predicativas e Enunciativas (TOPE), de autoria do linguista Antoine Culioli (1990). A opção por esta última justifica-se pelo fato de se fundamentar em questões linguístico-cognitivas nas quais pautamos as nossas reflexões sobre o ensino de língua.

[1] É preciso considerar que, nesse caso, não se tem um quadro teórico claro, pelo qual se estabelecem os requisitos a serem cumpridos na produção textual. Esses requisitos pautam-se, sempre, pelas máximas a serem alcançadas, porém, nem todos têm esses lugares definidos, citando, como exemplo, o requisito criatividade. Acrescenta-se, ainda, que embora a nossa análise não seja exaustiva, dado que se faz sobre uma única proposta, consideramos, com o risco das generalizações, essa abordagem predominante nos contextos que envolvem a produção de texto como exercício didático.