Heterotópicos e nacionais. Debates histórico-antropológicos sobre o samba na Era Vargas (1930-1945)

Autores

  • Menara Lube Guizardi Instituto de Altos Estudios en Ciencias Sociales de la Universidad Nacional de San Martin (Argentina), Universidad de Tarapacá (Chile).
  • Márcio Grijó Vilarouca Centro de Documentação e Pesquisa da História Contemporânea do Brasil da Fundação Getúlio Vargas (Brasil).

DOI:

https://doi.org/10.15448/1980-864X.2018.1.27092

Palavras-chave:

samba, identidade nacional brasileira, heterotopia, lugares de memória, Rio de Janeiro.

Resumo

Desenvolve-se uma reflexão histórico-antropológica sobre a relação entre a nacionalização do samba, a institucionalização dos Grêmios Recreativos Escolas de Samba, e a constituição política da identidade nacional mestiça na Era Vargas (1930-1945). Conceituamos o samba como “prática heterotópica”, argumentando que, em sua nacionalização, as agremiações de sambistas cariocas operaram como agentes ressignificadores do conflito racial brasileiro, dotando a mestiçagem do projeto identitário varguista de um caráter dialético.

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Biografia do Autor

Menara Lube Guizardi, Instituto de Altos Estudios en Ciencias Sociales de la Universidad Nacional de San Martin (Argentina), Universidad de Tarapacá (Chile).

Pesquisadora do Instituto de Altos Estudios en Ciencias Sociales de la Universidad Nacional de San Martin (Argentina) e pesquisadora asociada da Universidad de Tarapacá (Chile).

Márcio Grijó Vilarouca, Centro de Documentação e Pesquisa da História Contemporânea do Brasil da Fundação Getúlio Vargas (Brasil).

Professor Adjunto do Centro de Documentação e Pesquisa da História Contemporânea do Brasil da Fundação Getúlio Vargas (Brasil).

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Publicado

2018-04-18

Como Citar

Guizardi, M. L., & Vilarouca, M. G. (2018). Heterotópicos e nacionais. Debates histórico-antropológicos sobre o samba na Era Vargas (1930-1945). Estudos Ibero-Americanos, 44(1), 173–185. https://doi.org/10.15448/1980-864X.2018.1.27092