“2018, a batalha final”

Lava Jato e Bolsonaro em uma campanha anticorrupção e antissistema

Autores

DOI:

https://doi.org/10.15448/1984-7289.2020.3.37248

Palavras-chave:

Campanha eleitoral, Corrupção, Accountability, Operação Lava Jato., Bolsonaro

Resumo

O presente texto analisa como a campanha de Jair Bolsonaro na TV, no segundo turno da eleição presidencial de 2018, mobilizou a luta anticorrupção como estratégia de adesão eleitoral. Investigamos a hipótese de que o tema assume centralidade na campanha, impulsionado pelo impacto da operação Lava-jato no sistema político e da sua estratégia de conquista da opinião pública. Para tanto, apresentamos, de um lado, as principais linhas de atuação da Operação, e de outro, como suas narrativas foram retratadas no Horário Gratuito de Propaganda Eleitoral do candidato eleito. Na análise dos operadores da Lava-jato, constatamos que a eleição de 2018 é vista como o próximo passo para a efetivação do seu projeto de renovação e limpeza da política. Argumentamos que houve a coordenação estratégica na luta anticorrupção, na busca de uma convergência entre as accountabilities horizontal, societal e vertical. No tratamento dos dados do HGPE, identificamos quatro eixos discursivos e a predominância do eixo Anticorrupção/Antissistema, com aproximadamente 57,2% das menções. Nossa análise aponta que Bolsonaro aproveitou as marcas discursivas que se alinhavam fortemente à Lava-jato: antipetismo e antissistema, apresentando-se como o representante genuíno da luta anticorrupção.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Monalisa Soares Lopes, Universidade Federal do Ceará (UFC), Fortaleza, CE, Brasil.

Doutora em Sociologia pelo PPG em Sociologia da Universidade Federal do Ceará (UFCE), em Fortaleza, CE. Professora do departamento de Ciências Sociais, do PPG em Sociologia e do Mestrado Profissional de Sociologia em Rede Nacional (ProfSocio) da Universidade Federal do Ceará (UFC), em Fortaleza, CE, Brasil.

Grazielle Albuquerque, Universidade Federal do Ceará (UFC), Fortaleza, CE, Brasil.

Jornalista e doutora em Ciência Política pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em Campinas, SP, Brasil. Colunista do Le Monde Diplomatique  e coordenadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas da Defensoria Pública (Nuesp), em Fortaleza, CE, Brasil.

Gabriella Maria Lima Bezerra, Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), Recife, PE, Brasil.

Doutora em Ciência Política pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), em Porto Alegre, RS. Professora adjunta de Ciência Política do departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), em Recife, PE, Brasil.

Referências

Abrucio, Fernando Luiz e Maria Rita Loureiro. 2005. Finanças públicas, democracia e accountability. In Economia do setor público no Brasil, organizado por Ciro Biderman e Paulo Roberto Arvate. Rio de Janeiro: Campus-Elsevier. Kindle.

Avritzer, Leonardo. 2016. Impasses da democracia no Brasil. 3ª ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.

Coimbra, Mayra Regina, Mariane Motta de Campos, e Ana Resende Quadros. 2019. A disputa eleitoral nas redes sociais: uma análise das estratégias dos candidatos à presidência da república em 2018 no Facebook e no Twitter. In Comunicação política, eleições 2018 e campanha permanente, organizado por Luiz Ademir de Oliveira, Carla Montuori Fernandes e Paulo Roberto Figueira Leal. Timburi: Editora Cia do eBook.Kindle.

Garapon, Antoine. 1979. O juiz e a democracia: o guardião das promessas. Rio de Janeiro: Revan.

Kerche, Fábio e Marjorie Marona. 2018. O Ministério Público na operação Lava-jato: como eles chegaram até aqui? In Operação Lava-jato e a democracia brasileira, organizado por Fábio Kerche e João Fábio Ferres Júnior, 69-100. São Paulo: Contracorrente.

Lederman, Daniel, Norman Loayza e Rodrigo Reis Soares. 2005. Accountability and corruption: political institutions matter. Economics & politics 17(1):1-35. https://doi.org/10.1111/j.1468-0343.2005.00145.x.

Lopes, Monalisa Soares e Paulo Rodrigo Soares Lopes. 2019. Interfaces entre antipetismo e bolsonarismo: uma análise da narrativa eleitoral no segundo turno da eleição presidencial. In Atores políticos e dinâmicas eleitorais, organizado por Emanuel Freitas Silva, Francisco Horácio da Silva Frota e Maria Andrea da Luz Silva, 274-318. Fortaleza: Edmeta.

Loureiro, Maria Rita, Marco Antônio Carvalho Teixeira e Otávio Prado. 2008. Construção de instituições democráticas no Brasil contemporâneo: transparência das contas públicas. Organizações & Sociedade 15 (47):107-119. https://doi.org/10.1590/s1984-92302008000400006 .

Mainwaring, Scott. 2003. Introduction: democratic accountability in Latin America. In Democratic accountability in Latin America, organizado por Scott Mainwaring e Christopher Welna, 3-33. New York: Oxford University Press. https://doi.org/10.1093/0199256373.003.0001.

Miguel, Luís Felipe. 2005. Impasses da accountability: dilemas e alternativas da representação política. Revista de Sociologia e Política (25): 25-38. https://doi.org/10.1590/s0104-44782005000200004 .

Nobre, Marcos. 2013a. Choque de democracia: razões da revolta. São Paulo: Editora Companhia das Letras.

Nobre, Marcos. 2013b. Imobilismo em movimento: da abertura democrática ao governo Dilma. São Paulo: Editora Companhia das Letras.

O'donnell, Guilhermo. 1998. Accountability horizontal e as novas poliarquias. Lua Nova: Revista de Cultura e Política (44): 27-54.

https://doi.org/10.1590/s0102-64451998000200003.

Oliveira, Luiz Ademir de, Mayra Regina Coimbra e Lucas de Almeida Santos. 2019. Estratégias eleitorais nas redes sociais: um estudo das campanhas dos candidatos à Presidência da República no segundo turno no Twitter. In Comunicação política, eleições 2018 e campanha permanente, organizado por Luiz Ademir de Oliveira, Carla Montuori Fernandes e Paulo Roberto Figueira Leal. Timburi: Editora Cia do eBook. Kindle.

Pó, Marcos Vinicius e Fernando Luiz Abrúcio. 2006. Desenho e funcionamento dos mecanismos de controle e accountability das agências reguladoras brasileiras: semelhanças e diferenças. Revista de Administração Pública 40 (4): 679-698. https://doi.org/10.1590/s0034-76122006000400009.

Przeworski, Adam, Susan Stokes e Bernard Manin, orgs. 1999. Democracy, accountability and representation. New York: Cambridge University Press.

https://doi.org/10.1017/CBO9781139175104.

Smulovitz, Catalina e Enrique Peruzzotti. 2003. Societal and horizontal controls: two cases of a fruitful relationship. In Democratic accountability in Latin America, organizado por Scott Mainwaring e Christopher Welna, 309-322. New York: Oxford University Press. https://doi.org/10.1093/0199256373.003.0010.

Stark, David e Laszlo Bruszt. 1998. “Enabling constraints”: fontes institucionais de coerência nas políticas públicas no pós-socialismo. Revista Brasileira de Ciências Sociais 13 (36). https://doi.org/10.1590/s0102-69091998000100002.

Downloads

Publicado

2020-11-13

Como Citar

Lopes, M. S., Albuquerque, G., & Bezerra, G. M. L. (2020). “2018, a batalha final”: Lava Jato e Bolsonaro em uma campanha anticorrupção e antissistema. Civitas: Revista De Ciências Sociais, 20(3), 377–389. https://doi.org/10.15448/1984-7289.2020.3.37248

Edição

Seção

A Luta contra a corrupção: estado da arte e perspectivas de análise