Correndo para não perder nada

Temporalidade ansiosa e a frustração do (i)limitado

Autores

DOI:

https://doi.org/10.15448/1984-7289.2021.2.39950

Palavras-chave:

Aceleração, subjetividade, Speed watching

Resumo

Este artigo analisa alguns fenômenos que fazem parte dos processos de “digitalização da vida” e são sintomáticos de mudanças nos modos de vivenciar a temporalidade. Entre eles, o hábito de maratonar produtos audiovisuais em plataformas de streaming; o uso de programas que permitem acelerar o consumo de vídeos e áudios; e a oferta de “conteúdos desacelerados” para recalibrar o bem-estar de forma eficaz e produtiva. Em todas essas práticas detecta-se certa ansiedade nos modos de lidar com o tempo, decorrente do conflito entre o estímulo para consumir ilimitadamente e a frustração pela persistência das limitações, sobretudo temporais. Trata-se de uma reflexão ensaística com base na perspectiva genealógica, que se debruça sobre um conjunto de reportagens midiáticas dedicadas ao assunto em foco, buscando identificar — nesses indícios — certas transformações nos regimes de saber e poder, na passagem da era moderna para a contemporânea.

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Biografia do Autor

Paula Sibilia, Universidade Federal Fluminense (UFF), Niterói, RJ, Brasil.

Doutora em Comunicação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Rio de Janeiro, RJ, Brasil e em Saúde Coletiva pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Rio de Janeiro, RJ, Brasil; mestre em Comunicação pela Universidade Federal Fluminense (UFF), Niterói, RJ, Brasil; professora na Universidade Federal Fluminense (UFF), Niterói, RJ, Brasil.

Manuela Arruda Galindo, Universidade Federal Fluminense (UFF), Niterói, RJ, Brasil

Doutoranda e mestre em Comunicação na Universidade Federal Fluminense (UFF), Niterói, RJ, Brasil; graduada em Comunicação Social - Jornalismo pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Recife, PE, Brasil.

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Publicado

2021-08-24

Como Citar

Sibilia, P., & Galindo, M. . A. (2021). Correndo para não perder nada: Temporalidade ansiosa e a frustração do (i)limitado. Civitas: Revista De Ciências Sociais, 21(2), 203–213. https://doi.org/10.15448/1984-7289.2021.2.39950