A representação de Angola na construção das personagens em Se o passado não tivesse asas, de Pepetela
DOI:
https://doi.org/10.15448/1983-4276.2020.2.37240Palavras-chave:
Pepetela, Se o passado não tivesse asas, Mikhail Bakhtin, Construção da personagemResumo
O presente artigo tem por objetivo analisar a construção das personagens do romance de Pepetela Se o passado não tivesse asas, que narra os tempos de guerra civil e de pós-guerra em Angola, um período entre 1995 e 2012. À luz de conceitos como exterioridade e excedente da visão, postulados por Mikhail Bakhtin, investiga-se como duas narrativas aparentemente independentes, qu apresentam protagonistas supostamente distintas (Himba e Sofia), são capazes de descrever metafórica e criticamente o processo de reconstrução do país. Por meio do olhar do narrador heterodiegético, é possível estabelecer-se uma relação entre o eu e o outro em dois planos que se interligam: um plano temporal (a trajetória das duas personagens) e um plano espacial (o olhar do outro que observa de uma posição externa e que, por isso, pode identificar o que excede). O discurso não finalizável sugerido por Bakhtin revela o que parece ser a proposta dos textos literários de Pepetela a partir de 1990: denunciar a tentativa de Angola de apagar o passado.
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