A semântica dos nomes nus no português brasileiro falado em Teresina - PI
DOI:
https://doi.org/10.15448/1984-4301.2015.2.20402Palavras-chave:
Semântica formal, Nomes nus, Português Brasileiro, PORFATERResumo
Este artigo investiga a semântica dos nomes sem determinantes no português brasileiro (doravante PB) falado em Teresina - PI. Chierchia (1998) propõe uma parametrização nominal das línguas naturais, tendo em vista os nomes que aparecem sem determinantes (também chamados nomes nus). Na sua proposta, o autor delimita os três possíveis tipos de línguas: (i) línguas em que os nomes nus aparecem livremente em posição argumental sem marcação de número (singular nu); (ii) línguas em que só há possibilidade de nomes nus com marcação de número (plural nu) e sob condições restritas; (iii) e línguas em que ocorrem nomes no singular nu (para nomes massivos) e no plural nu (nomes contáveis). Na descrição do PB, há um consenso quanto à necessidade de revisão do parâmetro proposto por Chierchia, pois nessa língua os nomes nus ocorrem livremente como argumento, tanto no singular nu quanto no plural nu. Assim, a questão que buscamos responder é se, no PB falado em Teresina, encontramos os nomes nus com esse comportamento aparentemente livre e, quanto a sua denotação, quais interpretações eles licenciam. Para tanto, desenvolvemos uma pesquisa bibliográfica, recorrendo qualitativamente ao corpus de análise linguística PORFATER, com o objetivo de explicitar as posições em que os nominais nus ocorrem no PB e as interpretações que eles licenciam, além de investigar se esses nomes denotam ou não espécie. Os resultados mostram que: os nomes nus aparecem livremente apenas em posição de objeto, variando sua interpretação entre leitura genérica e existencial; e não há casos de nomes nus denotando espécie. Concluímos que os nomes sem determinantes no PB falado em Teresina são todos indefinidos heiminianos, que não possuem a capacidade de denotar espécie e que a posição aparente de sujeito ocupada pelo nome nu trata-se de um tópico sentencial, conforme a proposta de Müller (2004).
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