A voz-práxis estético-literária indígena como ativismo e militância: algumas reflexões a partir da literatura indígena brasileira atual
DOI:
https://doi.org/10.15448/1984-4301.2018.3.30811Palabras clave:
Literatura indígena, Literatura de minorias, Comunidade-Indivíduo, Ativismo, Militância.Resumen
Defendemos que a voz-práxis estético-literária das minorias e, no caso, do/as intelectuais ou escritores/as indígenas é marcada por quatro características fundamentais que lhe definem a constituição, o sentido e a vinculação epistemológico-políticos: parte da condição política e politizante, carnal e vinculada das e como minorias, que são uma construção política, tanto em termos de singularidade antropológica quanto sob a forma de exclusão, silenciamento, marginalização e violência que sofrem; possui uma ligação e uma dependência inextricáveis entre comunidade grupo-tradição e indivíduo, fundando e dinamizando um eu-nós lírico-político que não dissocia pertença à comunidade e ao grupo relativamente à experiência individual, recusando, com isso, a perspectiva de uma subjetividade absoluta-desvinculada e voyeurista-apolítica; vai da afirmação da tradição comunitária e da singularidade antropológica à crítica do presente, a tradição e a pertença comunitárias e a singularidade antropológica como crítica do presente; e institui o ativismo e a militância como seu núcleo, sentido e direcionamento, de modo a afirmar-se como uma vozpráxis política comprometida com a defesa e a promoção do grupo de que faz parte. Em nossa proposta, que está embasada tanto na interpretação de escritores/as indígenas brasileiros/as quanto na apropriação do aparato teórico produzido em termos de estudos literários e culturais póscoloniais, e que tem por base uma análise bibliográfica desse arcabouço teórico, argumentaremos acerca da importância de se correlacionar a produção estético-literária das minorias (e, no caso, dos/as indígenas) com e como crítica do presente e politização radical, sob a forma de ativismo, de militância e de engajamento, seja como condição para o entendimento de suas especificidades e novidades, seja como forma de sua vinculação aos debates estéticos, epistemológicos e políticos em termos de esfera pública, uma vez que esses/as escritores/as de minorias (e, no caso, indígenas) objetivam exatamente politizar e publicizar a história, a situação e as reivindicações de suas comunidades e de seus grupos por meio da arte-literatura.
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