O poeta, o louco e a criança: companheiros de brincriação e enquadramentos táticos de sobrevivência
DOI:
https://doi.org/10.15448/1984-4301.2018.1.28540Palabras clave:
Enquadramento, Guerra, Mia Couto, Signo Linguístico, Sobrevivência.Resumen
Este artigo propõe uma leitura de Terra sonâmbula, romance de Mia Couto sobre a Guerra Civil de Moçambique (1977-1992), motivada pela justaposição que, em As palavras e as coisas, Michel Foucault faz com o poeta e o louco, ao analisar o modo de usar a linguagem que ambos compartilham e, a despeito disso, as distinções que são feitas entre eles em relação a esse uso. A amalgamação aqui realizada se deve a que o poeta e o louco são personagens marcantes na trama de Terra sonâmbula, e, junto a eles, aparece também a criança, como outro sujeito que desloca a relação da linguagem com a verdade e que trata aquela como um jogo, como matéria de brincriação, para usar um neologismo cunhado pelo próprio Mia Couto. Ao mesmo tempo, a leitura do romance apresentada oferece pistas de que esses papéis sociais ou enquadramentos, de poeta, de louco e de criança, não raro tomados como construtos desviantes ou precários, podem se revelar, em contexto de guerra e mesmo fora dele, uma astuta tática de sobrevivência.
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