Os verbos ter e haver existenciais no português falado em Luanda-Angola
DOI:
https://doi.org/10.15448/1984-4301.2017.1.24809Palabras clave:
Verbos ter e haver, Português luandense, Verbos existenciais.Resumen
Com o arcabouço teórico-metodológico da Sociolinguística Variacionista, pesquisa-se a variação no uso dos verbos ter e haver em construções existenciais, com dados orais do português de Luanda (PL). Objetiva-se contribuir para o entendimento acerca da natureza do português de variedades africanas. Os resultados mostram que há uma variação estruturada no PL, sendo que o ter existencial é amplamente utilizado, com uma frequência de 42% e é favorecido, principalmente, pelo fator baixa ou nenhuma escolarização; embora, no cômputo geral dos dados, o verbo haver predomine em construções existenciais, com uma frequência de 58%. Os resultados são analisados qualitativa e quantitativamente em tempo aparente. Os dados foram levantados na fala de 23 informantes, em entrevistas sociolinguísticas pertencentes ao acervo dos projetos “Em busca das raízes do português brasileiro” e “A concordância verbal em Luanda-Angola: elementos para a discussão sobre a formação do português brasileiro”, sediados na Universidade Estadual de Feira de Santana. Nesse sentido, buscando contribuir para os estudos sobre a ormação da realidade sociolinguística brasileira, acredita-se que é importante a realização de estudos que se centrem em dados coletados em outros continentes que não apenas o europeu – como propôs Petter (2007) –, pois, assim, torna-se possível a comparação entre a variedade brasileira e as variedades africanas do português, ampliando-se o debate sobre a influência do contato linguístico na formação dessas variedades e a discussão sobre a atuação de fatores linguísticos e socioculturais em fenômenos linguísticos variáveis.
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