O texto esquizofrênico: uma leitura de Wittgenstein’s Mistress

Autores/as

  • Davi Alexandre Tomm Universidade Federal do Rio Grande do Sul

DOI:

https://doi.org/10.15448/1984-4301.2016.s.22373

Palabras clave:

Literatura, Esquizofrenia, Filosofia, Wittgenstein, David Markson.

Resumen

No livro do escritor norte-americano David Markson, Wittgenstein’s Mistress (1988), a narradora é uma mulher que se diz a última pessoa no mundo. Sozinha em uma casa, sentada à frente da máquina de escrever, ela conta suas memórias antes e depois de estar sozinha, misturando imaginação e lembranças com interpretações de diversas obras de arte e literatura da nossa cultura. Sem dar nenhuma pista ou prova de sua situação, a narradora constantemente se engaja em reflexões e equívocos que refletem os problemas tratados pelo filósofo Wittgenstein, quanto à linguagem, à natureza do conhecimento e à relação entre realidade e linguagem. Enredada em uma complexa rede de intertextualidade, Kate só tem a linguagem para estabelecer sua relação com uma possível exterioridade, para romper com um quase solipsismo e poder traçar uma relação, por mais efêmera que seja, entre o seu mundo interior e o mundo exterior. Sendo assim, ela apresenta traços de uma esquizofrenia que o autor Louis A. Sass compara justamente com os erros cometidos pelos filósofos que se envolvem em uma busca metafísica que Wittgenstein chamou de “doenças do intelecto”. Entre esses traços estão a exacerbação da própria experiência subjetiva, uma paradoxal oscilação entre um mundo interior e um mundo compartilhado e uma percepção perplexa do self como tudo e como nada ao mesmo tempo. Este trabalho pretende investigar tais traços na escrita dessa narradora, através do estudo de Sass e da filosofia de Wittgenstein, mostrando tanto a forma solipsista quanto esquizofrênica do seu texto.

Descargas

Los datos de descargas todavía no están disponibles.

Biografía del autor/a

Davi Alexandre Tomm, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Graduado em Letras Português-Inglês pela UFRGS, mestrando em Letras, na área de Teoria, Crítica e Comparatismo, pela UFRGS.

Citas

DERRIDA, Jacques. Espectros de Marx: o estado da dívida, o trabalho do luto e a nova internacional. Trad. Anamaria Skinner. Rio de Janeiro: Relume-Dumará, 1994.

MARKSON, David. Wittgenstein’s Mistress. Normal & London: Dalkey Archive Press, 1995.

MOORE, Steven. Afterword. In: MARKSON, David. Wittgenstein’s Mistress. Normal & London: Dalkey Archive Press, 1995.

PALLEAU-PAPIN , Françoise. This is not a tragedy: the works of David Markson. Traduzido pelo autor. Champaign & London: Dalkey Archive Press, 2011.

SASS, Louis. Madness and modernism: insanity in the light of modern art, literature, and thought. Cambridge, Massachusetts & London, England: Harvard University Press, 1994.

______. The paradoxes of delusion: Wittgenstein, Schreber and the schizophrenic mind. Ithaca & London: Cornell University Press, 1996.

SASS, Louis, WHITING , Jennifer, PARNAS, Josef. Mind, self and psychopathology: reflections on philosophy, theory and the study of mental illness. Theory & Psychology, v. 10, n 1, p. 87 – 98, fev. 2000. http://dx.doi.org/10.1177/0959354300010001603

SCHREBER, Daniel Paul. Memoirs of my nervous illness. Trad. Ida Macalpine & Richard A. Hunter. New York: New York Review of Books, 2000.

TAYLOR, Charles. Argumentos Filosóficos. Trad. Adail Ubirajara Sobral. São Paulo: Edições Loyola, 2000.

TECHIO, Jônadas. Solipsismo, solidão e finitude: algumas lições de Strawson, Wittgenstein e Cavell sobre metafísica e método filosófico. 2009. 292fls. Tese (Doutorado em Filosofia) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2009.

VARGA, Somogy. Sub Specie Aeternitatis: an actualisation of Wittgenstein on ethics and aesthetics. The Nordic Journal of Aesthetics. V. 20, n 38, p. 35-50, 2009.

WITTGENSTEIN , Ludwig. Culture and value: selection from the posthumous remains. Trad. Peter Winch. Oxford & Massachusetts: Blackwell, 1998.

______. Investigações filosóficas. Trad. José Carlos Bruni. São Paulo: Abril Cultural, 1975.

______. Observações sobre a filosofia da psicologia – vol. 1 e 2. Trad. Ricardo Hermann Ploch Machado. Aparecida, SP: Idéias & Letras, 2008.

______. On certainty. Trad. Denis Paul e G. E. Anscombe. Oxford: Basil Blackwell, 1969.

______. The Blue and Brown Books. Oxford, UK & Cambridge, USA: Blackwell, 1998.

Publicado

2016-12-09

Cómo citar

Tomm, D. A. (2016). O texto esquizofrênico: uma leitura de Wittgenstein’s Mistress. Letrônica, s80-s96. https://doi.org/10.15448/1984-4301.2016.s.22373

Número

Sección

Artículos