Inscri(surrei)ções enunciativas em ambientes diversos
discursos pejorativos, ressignificação e revascularização discursivas
DOI:
https://doi.org/10.15448/1984-4301.2024.1.46933Palavras-chave:
Discursos pejorativos, Ressignificação discursiva, Revascularização discursivaResumo
Os discursos injuriosos que ferem a dignidade humana estão presentes nos mais diferentes contextos – dos mais simples aos mais sofisticados tecnologicamente – e circulam desde a parte interna das portas dos banheiros das universidades brasileiras, notadamente os masculinos, ao ambiente digital. No final do primeiro quartel do século XXI, denunciar e desconstruir esse tipo de discurso de ódio se impõe como um projeto político incontornável, primordialmente (mas não só) aos discursivistas – mais ou menos na esteira acadêmica do que desde alhures têm feito, cada um a seu modo e com as suas ferramentas teórico-metodológicas, Marie-Anne-Paveau (2019a, 2019b), Michel Pêcheux (1990) e Paveau, Baronas e Lourenço (2021), somente para ficar em dois eminentes autores do lado de lá do Atlântico. Neste artigo, nosso trabalho toma esses autores como ins(trans)piração e busca discutir estratégias de como lidar com esses discursos injuriosos sem ficar preso à sua genealogia e/ou à sua descrição/ interpretação – aspectos muito relevantes, do ponto de vista linguístico-discursivo, mas pouco potentes. A partir do exame de práticas discursivas engendradas pelos sujeitos ofendidos e injuriados, que buscam responder contra as ofensas e injúrias que lhe são desferidas, transformando essas respostências em lugares ativos de memória, nossa questão de fundo é produzir um gesto teórico sobre essas práticas. Para tanto, colocamos em rangimento as categorias de resistência (Pêcheux, 1990), ressignificação (Paveau, 2019a, 2019b; Paveau; Baronas; Lourenço, 2021) e revascularização discursiva (Baronas; Costa, 2022; Baronas; Costa; Conti, 2021; Baronas; Souza, 2024). O objetivo último do trabalho é contribuir para a construção de uma sociedade decente (Margalit, 2007).
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