Meninos não choram?
Queer como contraposição à masculinidade hegemônica no filme Close (2022)
DOI:
https://doi.org/10.15448/1984-4301.2024.1.46095Palavras-chave:
Cinema queer, Narrativa, Infˆância, Masculidade Hegemˆônica, choroResumo
Este artigo propõe uma análise sobre as contraposições que o longa-metragem Close (2022), dirigido por Lukas Dhont, estabelece em relação à masculinidade hegemônica. O filme retrata o fim da infância para Leo e Remi, dois garotos de 13 anos que possuem uma amizade muito próxima. Embora eles não vivenciem uma relação homossexual, a proximidade física entre os personagens desestabiliza imposições sociais voltadas ao gênero masculino, de maneira que a hostilidade que recebem na escola e o distanciamento de Leo levam Remi a cometer suicídio. Nossa análise tem como foco a narrativa das cenas em que Leo chora, considerando que esse ato é socialmente visto como uma demonstração de fraqueza, principalmente em indivíduos do gênero masculino. O problema que apresentamos é este: como o choro se revela uma manifestação que aproxima o filme Close do cinema queer? Será utilizado como embasamento teórico o pensamento de Bonfanti e Gomes (2018), Connell e Messerschmidt (2013), Deleuze (1983), Gaudreault e Jost (2009), Nagime (2016). Como resultado, percebemos que o filme contribui para o debate sobre o cinema queer por retratar que, embora repressões com motivação homofóbica nem sempre provenham da família, o adultocentrismo consiste em um meio de repassar valores preconceituosos entre as gerações.
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