Teto terapêutico e a adequação do tratamento no Serviço de Urgência – estudo retrospectivo

Autores

DOI:

https://doi.org/10.15448/1980-6108.2022.1.41370

Palavras-chave:

limitação terapêutica, cuidados paliativos, serviço de urgência

Resumo

Introdução: no Serviço de Urgência vive-se um antagonismo constante pela sua natureza direcionada para a patologia aguda e a prestação de cuidados paliativos de qualidade. O nosso estudo tem como objetivo avaliar se a definição de teto terapêutico leva a diferenças na adequação da marcha diagnóstica e terapêutica instituída.
Material e métodos: análise retrospetiva descritiva monocêntrica dos doentes que morreram nos primeiros seis meses de 2018 no serviço de urgência do Hospital do Espírito Santo de Évora.
Resultados: compararam-se os três grupos de doentes o que não foi definido qualquer teto terapêutico, com o grupo em que iniciaram medidas paliativas e o grupo em que se tomou a Decisão de Não Reanimar. Verificou-se que não existem diferenças significativa entre as idades, o local de residência e as comorbilidades e, com exceção da demência (p= 0,006), existe sim uma diferença no grau de dependência nas atividades da vida diária (p<0,001). Verificou-se que não existem diferenças entre número ou tipo de exames complementares de diagnóstico, mas há algumas diferenças na terapêutica instituída já que no grupo dos doentes em cuidados paliativos a terapêutica com morfina (p<0,001), butilescopolamina (p=0,001) e paracetamol (p=0,004) foi mais frequente. A ventilação invasiva só ocorreu no grupo de doentes sem definição de teto terapêutico (p<0,001), enquanto a oxigénioterapia foi mais frequente nos grupos em Decisão de Não Reanimar ou em cuidados paliativos (p<0,001).
Discussão e conclusão: os médicos do serviço de urgência reconhecem que os seus doentes estão em final de vida, adequando parcialmente a terapêutica com vista ao controlo de sintomas, dor e secreções. 

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Biografia do Autor

Sandra Ganchinho Lucas, Hospital do Espírito Santo de Évora (HESE), Serviço de Medicina I, Évora, Portugal.

Mestre em Medicina pela Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa, em Lisboa, Portugal. Interna de Medicina Interna no Hospital do Espírito Santo de Évora, em Évora, Portugal.

Filipe Jorge Pencas Alfaiate, Hospital do Espírito Santo de Évora (HESE), Serviço de Medicina I, Évora, Portugal.

Mestre em Medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, em Coimbra, Portugal. Interno de Medicina Interna no Hospital do Espírito Santo de Évora, em Évora, Portugal.

Inês Vieira Santos, Hospital do Espírito Santo de Évora (HESE), Departamento de Medicina, Évora, Portugal.

Mestre em Medicina pela faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa, em Lisboa, Portugal. Assistente de Medicina Interna no Hospital do Espírito Santo de Évora, em Évora, Portugal.

Ireneia Lino, Hospital do Espírito Santo de Évora (HESE), Unidade de Hospitalização Domiciliária, Évora, Portugal.

Licenciada em Medicina pela Faculdade de Medicina de Lisboa, em Lisboa, Portugal. Assistente Graduada de Medicina Interna; diretora do CRI@HOME – Unidade de Hospitalização Domiciliária (UHDP) e Unidade Médica de Dia (UMD), em Évora, Portugal.

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Publicado

2022-09-22

Como Citar

Lucas, S. G., Alfaiate, F. J. P., Santos, I. V., & Lino, I. (2022). Teto terapêutico e a adequação do tratamento no Serviço de Urgência – estudo retrospectivo. Scientia Medica, 32(1), e41370. https://doi.org/10.15448/1980-6108.2022.1.41370

Edição

Seção

Artigos Originais