O professor como modelo aos seus estudantes: perspectivas da área da saúde

Autores

  • Luciana Costa Silva Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde, Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Departamento de Clínica Médica. Ribeirão Preto, São Paulo
  • Maria de Fátima Aveiro Colares UNIFACEF-Centro Universitário Municipal de Franca, Departamento de Psicologia. Franca, São Paulo
  • Maria Paula Panúncio Pinto Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Departamento de Ciências da Saúde e Centro de Desenvolvimento Docente para o Ensino. Ribeirão Preto, São Paulo
  • Luiz Ernesto de Almeida Troncon Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Departamento de Clínica Médica e Centro de Desenvolvimento Docente para o Ensino. Ribeirão Preto, São Paulo http://orcid.org/0000-0002-8599-2410

DOI:

https://doi.org/10.15448/1980-6108.2019.4.35862

Palavras-chave:

Tutores/educação, Docente/capacitação, Profissões em saúde, Estudantes.

Resumo

A formação do estudante nas profissões da saúde envolve a incorporação de habilidades e competências gerais e específicas, adquiridas em experiências práticas sob a supervisão de professores ou preceptores, cujas características podem influenciar os estudantes e os guiar na construção de sua identidade profissional. Nesse contexto, define-se “modelo” (role model) como o profissional que serve de exemplo, por suas qualidades positivas, sendo imitado pelos estudantes, por demonstrar habilidades e características pessoais que os impressionam e inspiram. Modelos positivos exibem expertise profissional, boa comunicação e relacionamento com seus pacientes e com os estudantes, boas habilidades de ensino e, sobretudo, características pessoais como integridade, solidariedade e entusiasmo. Por outro lado, os estudantes são capazes de reconhecer atributos negativos indesejáveis, opostos ás características positivas. Nossos estudos sugerem que a percepção dos estudantes brasileiros sobre os modelos não difere do que é descrito no cenário internacional e que talvez não existam diferenças apreciáveis entre as várias profissões da saúde. Os professores e preceptores considerados pelos estudantes como bons modelos, surpreendentemente, desconhecem que exercem essa influência, mas têm visão semelhante aos dos estudantes sobre os atributos positivos de um bom modelo. Dada a importância dos modelos na formação pessoal e profissional na área da saúde, é imperioso que as escolas tomem medidas para dispor em seu corpo docente de predomínio de modelos positivos e para evitar que seus professores e preceptores emitam comportamentos que expressem qualidades negativas. Estas medidas envolvem atividades de desenvolvimento docente e valorização dos docentes por sua atuação no ensino. No entanto, essas medidas somente farão sentido se as escolas oferecerem aos seus docentes boas condições de trabalho e de remuneração e, sobretudo, tiverem cultura institucional que privilegie relações humanizadas entre os seus membros.

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Biografia do Autor

Luiz Ernesto de Almeida Troncon, Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Departamento de Clínica Médica e Centro de Desenvolvimento Docente para o Ensino. Ribeirão Preto, São Paulo

Professor Titular, Departamento de Clínica Médica, membro da coordenação do Centro de Desenvolvimento Docente para o Ensino da instituição

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Publicado

2019-12-06

Como Citar

Silva, L. C., Colares, M. de F. A., Pinto, M. P. P., & Troncon, L. E. de A. (2019). O professor como modelo aos seus estudantes: perspectivas da área da saúde. Scientia Medica, 29(4), e35862. https://doi.org/10.15448/1980-6108.2019.4.35862

Edição

Seção

Educação em Ciências da Saúde