Nambiquaras em paris: imagens de arquivo, deslocamentos e aparições

Autores

DOI:

https://doi.org/10.15448/1980-3729.2019.2.32704

Palavras-chave:

Rondon. Arquivo. Memória.

Resumo

Enfocando como estudo de caso uma seleção de imagens fotográficas encontradas nos arquivos da seção de cartografia da Biblioteca Nacional da França, este ensaio explora as relações conceituais entre imagens, contextos culturais, arquivos e as políticas da memória. Em 1925, um doador anônimo presenteou 120 fotografias feitas pela Comissão Rondon à Société de Géographie de Paris. Comandada pelo oficial militar positivista Candido Mariano Rondon (1865-1958), a Comissão Rondon produziu, nas suas expedições pelo Mato Grosso, uma copiosa quantidade de fotografias, entre as quais se destacam as imagens dos indígenas que habitavam aquelas regiões. Ao comentar a trajetória material e simbólica dessas fotografias, viso oferecer uma leitura crítica seletiva enfatizando os termos do pacto fotográfico, a escolha de códigos estéticos e as políticas de reconhecimento.

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Biografia do Autor

Beatriz Jaguaribe, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro (RJ)

Professora do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro − UFRJ. Pós-Doutorado em Comunicação pela Université de Cergy-Pontoise e Doutorado em Literatura Comparada pela Stanford University.

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Publicado

2019-12-18

Como Citar

Jaguaribe, B. (2019). Nambiquaras em paris: imagens de arquivo, deslocamentos e aparições. Revista FAMECOS, 26(2), e32704. https://doi.org/10.15448/1980-3729.2019.2.32704

Edição

Seção

Mídia e Cultura