Os sonhos e a vida dos jovens das periferias
Processos criativos na produção cinematográfica em São Paulo
Resumo
As artes são formas de atuação dialógica no mundo, potencializadas pela popularização das tecnologias comunicacionais. Para os jovens, os territórios “real” e “virtual” são complementares na produção fílmica em multiplataformas. Este artigo analisa em 48 filmes do acervo das Oficinas Kinoforum os elementos socioculturais predominantes na produção de jovens (15 a 25 anos) das periferias de São Paulo. Identificou-se as respectivas narrativas sociais, investigando o conteúdo (retórico) e poético (funcional) de cada filme. Nos resultados, emergiram três eixos temáticos: religião-espiritualidade; lazer-utilização do tempo livre; mobilidade-afetividade. As narrativas sociais marcam diferenças entre territórios, bem como a conscientização sobre a falta de infraestrutura e equipamentos sociais básicos inerentes às localidades. Concluiu-se que os filmes evidenciam os modos de vida e os códigos sociais específicos de cada periferia, engendrando uma potente lógica alternativa que busca legitimar direitos sociais, inclusive o de compartilhar suas realidades em filmes, nas telas e na internet.
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