A encarnação monstruosa

Um problema de figuração

Autores

DOI:

https://doi.org/10.15448/1980-3729.2021.1.40124

Palavras-chave:

Cinema, Corpo, Figura, Carne, Imagem

Resumo

Este artigo examina como a figuração do humano no cinema articula e tensiona as noções de carne, corpo, identidade, personagem, figura e imagem. Recorreremos ao monstro como uma figura que tanto explicita quanto perturba o funcionamento habitual da figuração, revelando cisões entre corpos e identidades e desinventando o corpo de modo a explicitar a realidade da carne. Para tanto, investigaremos, em particular, os conceitos de “figura” e de “carne”, que serão mobilizados na análise de três filmes de horror que colocam em jogo uma mesma sensação do infamiliar: Vampiros de almas (Don Siegel, 1956), O enigma de outro mundo (John Carpenter, 1982) e Corrente do mal (David Robert Mitchell, 2014).

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Biografia do Autor

João Vitor Leal, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, SP, Brasil.

Doutor em Meios e Processos Audiovisuais pela Universidade de São Paulo (USP), em São Paulo, SP, Brasil. Atualmente está em estágio pós-doutoral, com bolsa da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP — processo nº 2019/25162-0), no Programa de Pós-Graduação em Multimeios da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), em Campinas, SP, Brasil.

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Publicado

2021-11-23

Como Citar

Leal, J. V. (2021). A encarnação monstruosa: Um problema de figuração. Revista FAMECOS, 28(1), e40124. https://doi.org/10.15448/1980-3729.2021.1.40124

Edição

Seção

Cinema