O Caso Meursault, de Kamel Daoud
Do silêncio canônico à enunciação pós-colonial
DOI:
https://doi.org/10.15448/1984-4301.2021.3.39285Palabras clave:
Kamel Daoud, O caso Meursault, Albert Camus., O estrangeiro, Reescrita pós-colonialResumen
Este artigo propõe-se à análise do romance O caso Meursault, de Kamel Daoud enquanto apropriação pós-colonial de O estrangeiro, de Albert Camus. O objetivo é investigar como Daoud reconstrói ficcionalmente a identidade árabe invisibilizada na escrita de O estrangeiro. O caso Meursault ressignifica o cânone literário através da reinvindicação da identidade do árabe assassinado. A voz enquanto instância de humanização é negada ao homem assassinado no texto camusiano, enquanto que, Daoud ocupa-se de uma enunciação pós-colonial para conceder-lhe voz, família, história e nome: Moussa. O aporte teórico baseia-se nas noções apresentadas por Homi Bhabha (2014), Edward W. Said (2011), Frantz Fanon (2008), Gayatri Spivak (2010), Daniela Burksdorf (2015) e Ankhi Mukherjee (2014). Conclui-se que a apropriação pós-colonial de Daoud revela uma ruptura com a invisibilidade da personagem árabe de Camus, ao mesmo tempo em que revisita o passado recente de dominação e exploração colonial francesa na Argélia.
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