Retratos não-modelares da modernidade: hegemonia e contra-hegemonia no pensamento brasileiro

Autores/as

DOI:

https://doi.org/10.15448/1984-7289.2017.3.26580

Palabras clave:

Modernidade. Pensamento social brasileiro. Teoria sociológica.

Resumen

O presente artigo almeja apurar no seio do pensamento social brasileiro a existência de elementos que indiquem alternativas a noções sociológicas consolidadas acerca da modernidade. Indaga-se sobre as premissas que subjazem imagens do Brasil talhadas em algumas obras ditas “clássicas” de interpretação de nossa formação social. Em seguida, busca-se identificar peças-chave do quadro de referência que, desde longa data, circunscreve os horizontes de ideação sociológica acerca da experiência moderna. Logo após, são contempladas as reflexões de analistas contemporâneos a respeito do valor heurístico de retratos do país delineados no seio do pensamento brasileiro. Por fim, à luz de programas e abordagens da teoria social contemporânea, lança-se mão de insights e sugestões ensaiadas em tais interpretações “clássicas” com o propósito de indicar saídas a alguns dos impasses e limites da sociologia da modernidade sublinhados na atualidade.

Descargas

Los datos de descargas todavía no están disponibles.

Biografía del autor/a

Sergio Barreira de Faria Tavolaro, Universidade de Brasília

Professor Adjunto do Departamento de Sociologia da Universidade de Brasília

Bolsista Produtividade CNPq

Áreas: pensamento social brasileiro; teoria sociológica

Citas

BASTOS, Élide. Atualidade do pensamento social brasileiro. Sociedade e Estado, v. 26, n. 2, p. 51-70, 2011 <10.1590/S0102-69922011000200004>.

BASTOS, Elide; BOTELHO, André. Horizontes das Ciências Sociais: pensamento social brasileiro. In: Carlos Martins; Heloisa Martins (orgs.). Horizontes das ciências sociais no Brasil. São Paulo: Anpocs, 2010. v. 1, p. 475-496.

BECK, Ulrich. What is globalization? Malden, MA: Polity Press, 2000.

BHABHA, Homi. O local da cultura. Belo Horizonte, Editora Ufmg, 2010.

BOMFIM, Manoel. A América Latina: males de origem. Rio de Janeiro, Topbooks, 1993.

BOSI, Alfredo. Origem e função das idéias em contextos de formação colonial. In: Centro de Estudos Brasileiros/Embaixada do Brasil em Roma (org.). Pensamento Brasileiro. Palermo: Renso e Rean Mazzone editori, 1995. p. 17-31.

BOTELHO, André; SCHWARCZ, Lília. Um enigma chamado Brasil: 29 intérpretes e um país. São Paulo: Cia. das Letras, 2009.

BRANDÃO, Gildo. Linhagens do pensamento político brasileiro. São Paulo: Aderaldo & Rothschild Editores, 2007.

CANDIDO, Antonio. Iniciação à literatura brasileira. Rio de Janeiro: Ouro sobre azul, 2010.

CARDOSO, Fernando H. Pensadores que inventaram o Brasil. São Paulo: Cia. das Letras, 2013.

CARDOSO, Fernando Henrique; FALETTO, Enzo. Dependency and development in Latin America. Berkeley. California: University of California Press, 1979.

CASANOVA, José. Public religions in the modern world. Chicago: The University of Chicago Press, 1994.

CHAKRABARTY, Dipesh. Provincializing Europe: postcolonial thought and historical difference. Princeton: Princeton University Press, 2000.

CHATTERJEE, Partha. La nación en tiempo heterogéneo. Buenos Aires: Siglo Veintiuno, 2008.

CHERNILO, Daniel. The critique of methodological nationalism: theory and history. Thesis Eleven, v. 106, n. 1, p. 98-117, 2011.

COSTA, Sérgio. Teoria por adição. In: Carlos Benedito Martins; Heloísa Helena Martins (orgs.). Horizontes das ciências sociais no Brasil: Sociologia. São Paulo: Anpocs, 2010, p. 25-51.

COSTA PINTO, Luiz de Aguiar. Sociologia e desenvolvimento: temas e problemas de nosso tempo. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1973.

COSTA PINTO, Luiz de Aguiar. Desenvolvimento econômico e transição social. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1978.

CRUZ COSTA, João. A history of ideas in Brazil: the development of philosophy in Brazil and the evolution of national history. Berkeley: University of California Press, 1964.

CUNHA, Euclides. Os sertões: campanha de Canudos. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1981.

DÉPELTEAU, François. What is the direction of the “relational turn”? In: Christopher Powell; François Dépelteau (orgs.). Conceptualizing relational sociology: ontological and theoretical issues. New York: Palgrave Macmillan, 2013. p. 163-185.

DOMINGUES, José. Do Ocidente à Modernidade: intelectuais e mudança social. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.

DONATI, Pierpaolo. Relational sociology and the globalized society. In: François Dépelteau;Christopher Powell (orgs.). Applying relational sociology: relations, networks, and society. New York: Palgrave Macmillan, 2013. p. 1-24.

DURKHEIM, Émile. The rules of sociological method. New York: The Free Press, 1982.

DUSSEL, Enrique. Europa, modernidade e eurocentrismo. In: Edgardo Lander (org.). A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. Buenos Aires: Clacso, 2005. p. 55-70.

ECKERSLEY, Robyn. Environmentalism and political theory: toward an ecocentric approach. Albany: State University of New York Press, 1992.

EISENSTADT, Shmuel Multiple modernities. Daedalus, v. 129, n. 1, p. 1-29, 2000.

EISENSTADT, Shmuel. Modernity and modernization. Sociopedia.isa, International Sociological Association, p. 1-15, 2010 (24 Oct. 2017).

ELIAS, Norbert. Universal features of human society. In: Norbert Elias. What is sociology? London: Hutchinson & Co (Publishers) td, 1978a. p. 104-133.

ELIAS, Norbert. The problem of the “inevitability” of social development. In: Norbert Elias. What is sociology? London: Hutchinson & Co. Ltd., 1978b. p. 158-174.

EMYRBAER, Mustafa. Manifesto for a relational sociology. American Journal of Sociology, v. 103, n. 2, p. 281-317, 1997 <10.1086/231209>.

ESCOBAR, Arturo. O lugar da natureza e a natureza do lugar: globalização ou pósdesenvolvimento? In: Edgardo Lander (org.). A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. Buenos Aires: Clacso, 2005. p. 133-168.

FAORO, Raymundo. Os donos do poder: formação do patronato político brasileiro. São Paulo: Globo, 2001.

FERNANDES, Florestan. A Revolução Burguesa no Brasil: ensaio de interpretação sociológica. Rio de Janeiro: Zahar, 2006.

FERNANDES, Florestan. Sociedade de classes e subdesenvolvimento. Rio de Janeiro: Zahar, 2008a.

FERNANDES, Florestan. A integração do negro na sociedade de classes. São Paulo: Editora Globo, 2008b.

FRANCO, Maria Sylvia de Carvalho. As ideias estão no lugar. Cadernos de Debate, n. 1, p. 61-64, 1976.

FREYRE, Gilberto. Manifesto regionalista. Maceió: Ed. Ufal, 1976.

FREYRE, Gilberto. Sobrados e mucambos. Rio de Janeiro: Record, 1996.

FREYRE, Gilberto. Casa-grande & senzala: introdução à história da sociedade patriarcal no Brasil. Rio de Janeiro: Record, 2000a.

FREYRE, Gilberto. Novo mundo nos trópicos. Rio de Janeiro: Topbooks, 2000b.

FREYRE, Gilberto. Tempo morto e outros tempos. São Paulo: Global, 2006.

FURTADO, Celso. Raízes do subdesenvolvimento. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.

FURTADO, Celso. Formação econômica do Brasil. São Paulo: Cia. das Letras, 2009.

GÖLE, Nilüfer. Snapshots of Islamic modernities. Daedalus, v. 129, n. 1, p. 91-117, 2000.

GUMBRECHT, Hans Ulrich. Nosso amplo presente: o tempo e a cultura contemporânea. São Paulo: Editora da Unesp, 2015.

HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Rio de Janeiro: DP&A, 2006.

HOLLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil. Rio de Janeiro: José Olympio, 1936.

HUNTINGTON, Samuel. A ordem política nas sociedades em mudança. Rio de Janeiro: Forense-Universitária, 1975.

IANNI, Octavio. O colapso do populismo no Brasil. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1978.

LAGE, Victor. Interpretations of Brazil, contemporary (de)formations. Rio de Janeiro: PUC-Rio (Tese de doutorado), 2016.

LEAL, Victor Nunes. Coronelismo, enxada e voto: o município e o regime representativo no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.

LIEDKE, Enno. A sociologia no Brasil: história, teorias e desafios. Sociologias, v. 7, n. 14, p. 376-437, 2005.

LIMA, Nísia. Um sertão chamado Brasil. São Paulo: Hucitec Editora, 2013.

LYNCH, Christian. Por que pensamento e não teoria? A imaginação político-social brasileira e o fantasma da condição periférica (1880-1970). Dados – Revista de Ciências Sociais, v. 56, n. 4, p. 727-766, 2013.

MAIA, João. Pensamento brasileiro e teoria social: notas para uma agenda de pesquisa. Revista Brasileira de Ciências Sociais, v. 24, n. 71, p. 155-168, 2009 <10.1590/S0102-69092009000300011>.

MAIA, João. Ao sul da teoria: a atualidade teórica do pensamento social brasileiro. Sociedade e Estado, v. 26, n. 2, p. 71-94, 2011 <10.1590/S0102-69922011000200005>.

MANN, Michael. Ruling class strategies and citizenship. In: Martin Blumer; Anthony Rees (orgs.). Citizenship today: the contemporary relevance of T. H. Marshall. Londres: UCL Press, 1996. p. 125-144.

MARX, Karl. Capital. v. 1. London: Penguin Books, 1990.

MIGNOLO, Walter. Local histories and global designs: coloniality, subaltern knowledges, and border thinking. Princeton: Princeton University Press, 2000.

MONTERESCU, Daniel. Spatial relationality and the fallacies of methodological nationalism: theorizing urban space and binational sociality in Jewish-Arab “mixed towns”. In: François Dépelteau; Christopher Powell. (orgs). Applying relational sociology: relations, networks, and society. New York: Palgrave Macmillan, 2013. p. 25-50.

NABUCO, Joaquim. O Abolicionismo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira/São Paulo: Publifolha, 2000.

PARSONS, Talcott. The structure of social action. Volume 1: Marshall, Pareto, Durkheim. New York: The Free Press, 1968.

PARSONS, Talcott. The system of modern societies. Englewood Cliffs: Prentice-Hall Inc, 1971.

POWELL, Christopher; DÉPELTEAU, François. Introduction. In: Christopher Powell; François Dépelteau (orgs.). Conceptualizing relational sociology: ontological and theoretical issues. New York: Palgrave Macmillan, 2013. p. 1-12.

PRADO Jr., Caio. Formação do Brasil Contemporâneo: colônia. São Paulo: Cia. das Letras, 2011.

PRADO, Paulo. Retrato do Brasil: ensaio sobre a tristeza brasileira. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.

PRANDINI, Riccardo. Relational sociology: a well-defined sociological paradigm or a challeging “relational turn” in sociology? International Review of Sociology, v. 25, n. 1, p. 1-14, 2015 <10.1080/03906701.2014.997969>.

RAMOS, Alberto Guerreiro. A Redução Sociológica. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 1996.

RIBEIRO, Adelia Miglievich. Darcy Ribeiro e o pensamento crítico latino-americano: diálogos com a epistemologia póscolonial. Sinais – Revista Eletrônica - Ciências Sociais, n. 9, v. 1, p. 12-31, 2011.

RICUPERO, Bernardo. O lugar das ideias: Roberto Schwarz e seus críticos. Sociologia & Antropologia, v. 3, n. 6, p. 526-556, 2013.

ROMERO, Silvio. História da literatura brasileira. Tomo I. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio, 1949.

ROSTOW, Walt Whitman. As etapas do desenvolvimento econômico (um manifesto não-comunista). Rio de Janeiro: Zahar, 1978.

SCHMIDT, Volker. Conceptualizing global modernity: a tentative sketch. Singapore: National University of Singapore, 2012.

SCHWARCZ, Lilia. O espetáculo das raças: cientistas, instituições e questão racial no Brasil – 1870-1930. São Paulo: Cia. das Letras, 1993.

SCHWARZ, Roberto. As idéias fora de lugar. In: Roberto Schwarz (org.). Cultura e Política. São Paulo: Paz e Terra, 2009a. p. 59-83.

SOUSA SANTOS, Boaventura de. Para além do pensamento abissal: das linhas globais a uma ecologia de saberes. In: Boaventura de Sousa Santos e Maria Paula Meneses (org.). Epistemologias do Sul. Coimbra: Almedina, 2009.

SUBRAHMANYAM, Sanjay. Connected histories: notes towards a reconfiguration of early modern Eurasia. Modern Asian Studies, v. 31, n. 3, p. 735-762, 1997 <10.1017/S0026749X00017133>.

TAVOLARO, Sergio B. F. Existe uma modernidade brasileira? Reflexões em torno de um dilema sociológico brasileiro. Revista Brasileira de Ciências Sociais, v. 20, n. 59, p. 1-22, 2005.

TAVOLARO, Sergio B. F. Gilberto Freyre e nossa “Modernidade Tropical”: entre a originalidade e o desvio. Sociologias, v. 15, n. 33, p. 282-317, 2013 <10.1590/S1517-45222013000200010>.

TAVOLARO, Sergio B. F. A tese da singularidade brasileira revisitada: desafios teóricos contemporâneos. Dados: Revista de Ciências Sociais, v. 57, n. 3, p. 633-673, 2014.

TAVOLARO, Sergio B. F. Imagens de uma outra modernidade: Gilberto Freyre e o espaço-tempo latino-americano. Política & Sociedade, v. 15, n. 34, p. 196-231, 2016 <10.5007/2175-7984.2016v15n34p196>.

THERBORN, Göran. Entangled modernities. European Journal of Social Theory, v. 6, n. 3, p. 293-305, 2003 <10.1177/13684310030063002>.

TORRES, Alberto. A organização nacional. Brasília: Editora UnB, 1982.

TURNER, Bryan. Outline of a theory of citizenship. Sociology, v. 24, n. 2, p. 189-217, 1990 <10.1177/0038038590024002002>.

VENTURA, Roberto. Estilo tropical: história cultural e polêmicas literárias no Brasil, 1870-1914. São Paulo: Companhia das Letras, 1991.

VIANNA, Oliveira. Evolução do Povo Brasileiro. Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1956.

VIANNA. Oliveira. Populações meridionais do Brasil. v. 1. Niterói: Ed. da UFF, 1987.

VIANNA, Luiz W. A institucionalização das ciências sociais e a reforma social: do pensamento social à agenda americana de pesquisa In: Luiz W. Vianna. A revolução passiva: iberismo e americanismo no Brasil. Rio de Janeiro: Renavan, 2004.

WEBER, Max. The protestant ethic and the spirit of capitalism. Los Angeles: Roxbury Publishing Company, 2002.

WIMMER, Andreas; SCHILLER, Nina. Methodological nationalism and beyond: nation-state building, migration and the social sciences. Global Networks, v. 2, n. 4, p. 301-334, 2002 <10.1111/1471-0374.00043>.

WITTROCK, Björn. Modernity: one, none or many? European origins and modernity as a global condition. Daedalus, v. 129, n. 1, p. 31-60, 2000.

Publicado

2017-12-15

Cómo citar

Tavolaro, S. B. de F. (2017). Retratos não-modelares da modernidade: hegemonia e contra-hegemonia no pensamento brasileiro. Civitas: Revista De Ciências Sociais, 17(3), e115-e141. https://doi.org/10.15448/1984-7289.2017.3.26580