Psicopolítica e mal-estar da contemporaneidade

Autores

DOI:

https://doi.org/10.15448/1984-7289.2021.1.39147

Palavras-chave:

Sociedade do cansaço, Psicopolítica, Mal-estar da civilização, Biopolítica, Capitalismo

Resumo

Em O mal-estar da civilização Freud buscou apresentar uma discussão sobre os ganhos e as perdas da civilização, e em específico sobre o mal-estar causado por suas limitações. Para Elias (1993; 2011), a civilização, como prática, envolve o controle das condutas, a regulação dos modos e a subordinação das emoções. O tormento trazido pela civilização decorre do modo pelo qual ela limita a liberdade, se sobrepondo aos impulsos, impondo tarefas culturais acima das vontades individuais. A civilização é a repressão social se tornando uma cobrança constante e internalizada como mal-estar. Nesse artigo busco articular sociologicamente, em contraposição a diversos autores da teoria social, o conjunto de hipóteses levantadas por Byung-Chul Han (2018b) sobre a psicopolítica, de modo a repensar os rumos e as transformações do mal-estar em uma sociedade não repressiva (fundada em negatividade), mas afirmativa (fundada em positividade).

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Biografia do Autor

Alan Delazeri Mocellim, Universidade Federal da Bahia, (Ufba), Salvador, BA, Brasil

Doutor em Sociologia pela Universidade de São Paulo, (USP), São Paulo, SP, Brasil; professor adjunto do Departamento de Sociologia da Universidade Federal da Bahia, (Ufba), Salvador, BA, Brasil e do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da mesma instituição.

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Publicado

2021-05-04

Como Citar

Mocellim, A. D. (2021). Psicopolítica e mal-estar da contemporaneidade. Civitas: Revista De Ciências Sociais, 21(1), 94–107. https://doi.org/10.15448/1984-7289.2021.1.39147

Edição

Seção

Dossiê: Teoria Social e Sociologia Existencial