Retomando o futuro
A reconstrução de si por meio de grupos de apoio
DOI:
https://doi.org/10.15448/1984-7289.2022.1.40601Palavras-chave:
Grupos de apoio, Futuro, Empatia, Memória, Sociologia pragmáticaResumo
Neste artigo, por meio de uma pesquisa qualitativa envolvendo observações e entrevistas, analiso dois “grupos de apoio” na cidade do Rio de Janeiro que assistem a pessoas que tiveram um grave contato com a morte, direta ou indiretamente. Partindo de uma abordagem sociológica pragmática, proponho um modelo específico de reconexão de passado e futuro para pessoas em luto que almejam retomar suas narrativas biográficas para além da experiência de vitimização. Assim, exploro como os grupos de suporte analisados buscam “dessingularizar” as experiências pessoais de contato com a morte, promover a troca de “energias emocionais” (pela empatia) e ressignificar “lembranças dolorosas” no intuito de mostrar o futuro como uma temporalidade possível para os assistidos. Mostro como pode ser reconstruído um poder íntimo de ação visando efetivar uma definição de situação não ligada à experiência extrema, mas almejando recuperar a potência agêntica sobre a própria vida.
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