Desigualdade de gênero, internacionalização e trajetórias acadêmicas na Ciência Política: evidências no Brasil e no Uruguai
DOI:
https://doi.org/10.15448/1984-7289.2019.3.33563Palavras-chave:
Ciência Política. Desigualdade de gênero. Trajetórias acadêmicas. Internacionalização. Campo disciplinar.Resumo
Estudos dedicados a analisar a história e a configuração atual da Ciência Política têm crescido significativamente na região. Contudo, um aspecto permanece pouco explorado: a igualdade de gênero no campo disciplinar. Pretende-se aqui identificar a existência de diferenças nas trajetórias acadêmicas dos cientistas políticos devido ao seu gênero, em dois países: Brasil e Uruguai. O principal indicador utilizado é o grau de internacionalização das carreiras acadêmicas. A internacionalização será medida em duas dimensões: formação acadêmica no exterior e publicação de artigos em periódicos estrangeiros. A análise baseia-se em dados primários, coletados junto aos Curriculum Vitae dos docentes e publicados nos respectivos sistemas nacionais de investigação de cada país: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq-Lattes) (Brasil) e Agencia Nacional de Investigación e Innovación (ANII-SNI) (Uruguai). A evidência encontrada indica que, em ambos, as mulheres estão sub representadas no quadro de docentes (constituindo-se em 30% do universo) e publicam menos artigos (nacionais e internacionais) que seus colegas homens. Contudo, as evidências não indicam diferenças entre os gêneros em relação aos principais destinos da formação acadêmica e da produção de artigos.
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